2.500km a bordo do novo Renault Kardian: cumpre o que promete?
Modelo vem equipado com motor 1.0 turbo TCe de 125cv
O lançamento do Kardian foi aguardado com grande expectativa pela Renault. O SUV compacto estreia um novo momento para a marca e não tem nenhuma relação com os carros aos quais os clientes já estavam acostumados. Usa nova plataforma, novo motor e traz itens inéditos que até modelos mais caros que o Kardian não oferecem. Desta vez, após o lançamento, rodamos 2.500 a bordo do Kardian entre São Paulo e Foz do Iguaçu, no Paraná, na divisa com a Argentina e Paraguai.
O primeiro contato com o Kardian pode levar o consumidor a crer que se trata de um facelift do Sandero. Mas basta se acomodar no carro e acelera-lo para perceber que não. O Kardian estreou no Brasil feito sobre uma nova plataforma chamada RGMP (Renault Group Modular Platform) e estreia com três versões em sempre com motor 1.0 turbo TCe de 125cv e 22kgfm de torque combinado com transmissão de dupla embreagem (EDC Efficient Dual Clutch) de seis marchas.
De São Paulo ao Paraná
O primeiro techno de viagem com o Kardian rende 1.100km de estrada saindo pela Castelo Branco em direção a Ourinhos onde entramos no Paraná. Neste primeiro trecho na parada para abastecimento mantendo a velocidade de Cruzeiro a 120km/h o consumo ficou em 10,5km/l. O computador de bordo foi preciso com o consumo real no abastecimento feito com etanol em toda a viagem.
Pontos positivos para o desempenho e o silêncio a bordo na estrada. Embora o Kardian pareça mais apertado que o antigo Sandero que tem painel recuado e mais espaço a bordo, a ergonomia do Kardian é bem superior. Há espaço para levar 3 malas médias e ainda sobra além do banco traseiro que acomoda três pessoas mas tem teto baixo para aqueles de estatura superior a 1,75m. A ergonomia ao volante é boa com painel levemente acima do tabelier e a multimídia flutuante perdeu a conectividade sem fio em alguns momentos.
O motor 1.0TCe se mostra bem suficiente para o carro ganhando velocidade rápido no segundo trecho. Ao entrar no Paraná, a pista duplicada dá lugar a uma pista simples e cheia de caminhões. A velocidade de 120km/h vai muitas vezes para 60km/h em Cruzeiro.
Porém quando a ultrapassagem é necessária os 22kgfm de torque fazem a diferença. O câmbio de dupla embreagem é rápido nas reduções e evoluções e se mantém na marcha ao entrar em curvas o que transmite segurança para uma conduta mais “esportiva”.
O teste do ACC a bordo também é bem calibrado. Porém funciona melhor em pista de duas vias ou mais e detecta todo tipo de obstáculo inclusive as motocicletas que são comuns entre as cidades do interior. Já no oeste paranaense, após Maringá, fizemos uma nova parada onde a média de consumo caiu para 10,2km/h. Explica-se por conta das ultrapassagens e trechos de aclives e declives. A direção do carro também merece elogio pela calibração assim como a estabilidade que o antigo Sandero não tem.
Ao sair de uma parada para o almoço, a detecção de fluxo cruzado alerta com o som do lado de onde o veículo está se aproximando. É bastante útil mas a câmera poderia ser melhor.
Depois da cidade de Medianeira e Cascavel entramos na região de Foz do Iguaçu por onde rodamos com o Kardian por três dias. Por lá algumas pessoas perguntavam curiosas uma vez que o veículo está em fase de lançamento e chama a atenção. O desenho, porém, dividiu opiniões.
Em Foz do Iguaçu
Na cidade fronteiriça rodamos com o Kardian e notamos um comportamento bem distinto do ciclo rodoviário. O Kardian é mais ruidoso e o som do motor é perceptível na cabine como todo carro três cilindros. No entanto é confortável e a suspensão bem precisa embora não tenha o mesmo molejo que a dos antigos Renault. Quem dirige um Sandero, Logan ou Duster podem achar o Kardian “duro”.
Todos os itens funcionaram bem no carro desde o farol em LED que foi útil nas ruas mal iluminadas e nas vias em reforma na cidade. O som é de boa qualidade embora a multimídia seja lenta e o painel tem boa visibilidade.
O consumo urbano ficou em 9,4km/l rodando sempre com o ar condicionado por Foz do Iguaçu. De lá fizemos o trajeto de volta para SP em mais 1.100km cumpridos em 12h de viagem totalizando 2.500 quilômetros a bordo do novo SUV Kardian com duas paradas de 30 minutos.
A conclusão é que de fato o Kardian cumpre a promessa de ser um novo carro dentro da linha Renault. É preciso, tem um bom câmbio e torque suficiente para acelerações além de um comportamento dinâmico bem superior aos antecessores.
Há pontos que merecem atenção como a multimídia, o ar automático que ao detectar o frio externo joga ar bem quente para a cabine, a câmera poderia ser melhor mas seus atributos positivos estão no bom conjunto mecânico. Diferente dos antigos carros o Kardian é feito para quem gosta de dirigir. E de fato ele cumpre a promessa superando expectativas.
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