Carro usado com quilometragem alta vale a pena? Saiba tudo

Comprar um carro usado com alta quilometragem gera muitas dúvidas na cabeça do futuro comprador. Há muitas variáveis que podem definir se o carro em questão é um bom negócio ou uma verdadeira furada.

Em geral, um carro roda de 10 a 15 mil quilômetros no Brasil e assim, um carro usado, pode ter facilmente 150.000 quilômetros rodados ou mais. O que define um bom negócio? A manutenção feita ao longo do tempo.

Comprar um carro usado com alta quilometragem pode ser uma boa oportunidade de pagar menos, mas exige atenção redobrada. Aqui estão os principais cuidados a observar:

“É preciso saber que tudo no veículo foi projetado para durar um determinado tempo, ou seja, tem uma data predeterminada para quebrar. Isso faz com que o mercado de peças gire. É a famosa obsolescência Programada que é uma estratégia industrial em que um produto é projetado intencionalmente para ter uma vida útil limitada”, diz Carlo Eduardo Vieira, mecânico especialista em avaliações pré-compra de veículos.

Quanto dura um veículo?

O R7-Autos Carros falou com três mecânicos que afirmam o seguinte. Um carro com motor 1.0 pode durar até 250 mil quilômetros sem precisar de grandes reparos. Motores maiores podem durar mais. Um V6 ou V8 bem cuidado pode passar dos 400.000 quilômetros e um diesel até mais do que isso. Mas a durabilidade vai depender mais do intervalo da troca de óleo, líquido de arrefecimento, filtros e combustível de qualidade.

“Um veículo de alta quilometragem vai ter sempre algo para ser feito e tudo isso depende também do cuidado que esse veículo teve no decorrer da sua história. Alguns veículos acima dos 100.000 km já não é um bom negócio. Muitos começam a apresentar falha catalítica, o famoso P0420, ou sistema catalítico ineficiente (uma peça de alto custo).

Carros da GM costumam apresentar essa falha. Outros também apresentam defeitos em seu cabeamento elétrico (chicote) onde a capa de isolamento começam a se desfazer, como são o caso dos Ford Fiesta e Ecosport”, disse Carlos Eduardo Vieira.

Passar de 200 mil quilômetros?

Mecânicos dizem que sim, hoje os carros passam facilmente dos 200 mil quilômetros. No entanto, somente com manutenção preventiva adequada.

“Acima de 200.000 km existe a grande possibilidade de apresentar problemas de cabeçote causado por negligências de cuidado e aplicação de produtos corretos e de boa qualidade no sistema de arrefecimento. Acima de 250.000 km, caso o motor nunca tenha sido aberto e retificado, o que nos dias de hoje é algo muito difícil, pois pode apresentar ruídos durante o funcionamento”, completa.

Todo carro de alta quilometragem deve ser avaliado de forma profunda. “Na parte de motor ouvir o mesmo e avaliar as emissões quanto a fumaça azulada (queima de óleo) quanto a fumaça densa e branca (água participando do processo de combustão), Sistema de freio, qualidade do fluido e se ele não está contaminado por água.

Comprar um carro acima de 300.000 quilômetros é um tiro no escuro nos dias de hoje. Um carro nessa quilometragem vez o outra vai estar em uma oficina fazendo uma manutenção corretiva de algum sistema”, alerta.

O que deve ser olhado em um carro usado de alta quilometragem?

1. Histórico de manutenção

• Revisões registradas: verifique se o carro tem histórico de revisões (nota fiscal, carimbo em manual ou registros digitais).

• Trocas preventivas: correia dentada, embreagem, amortecedores e bomba d’água devem ter sido substituídos em algum momento. Não acredita em “carro revisado” sem comprovantes.

2. Condições do motor

• Ruídos anormais: batidas metálicas, tuchos ruidosos ou fumaça no escapamento são sinais de desgaste.

• Consumo de óleo: pergunte ao dono se o carro está baixando óleo entre trocas. Se não houver informação dos prazos de troca de óleo e filtro desconfie.

• Partida a frio: veja se liga rápido e mantém marcha lenta estável. Não teste o carro que já está quente.

3. Transmissão e embreagem

• Câmbio manual: observe se não há arranhões ao trocar de marcha e se a embreagem não está alta ou patinando.

• Câmbio automático: faça o teste em todas as marchas; trancos, demora para engatar ou ruídos podem indicar reparo caro. Abra os vidros do carro, ande em ruas silenciosas e fique atento a esse comportamento.

4. Suspensão e direção

• Estalos e folgas: ouça barulhos em pisos irregulares e confira se o carro não “puxa” para os lados.

• Amortecedores: veja se o carro não quica demais ou apresenta vazamentos.

5. Freios

• Teste em uma frenagem forte: o pedal não deve vibrar nem afundar demais.

• Verifique discos, pastilhas e possíveis vazamentos de fluido.

6. Parte elétrica

• Cheque faróis, lanternas, vidros elétricos, ar-condicionado, multimídia e todos os comandos.

• Bateria antiga ou fios remendados podem trazer dores de cabeça.

7. Lataria e estrutura

• Pintura irregular: diferença de tonalidade pode indicar batidas.

• Soldas ou amassados no cofre do motor e porta-malas: sinal de reparos estruturais.

• Verifique alinhamento das portas, capô e porta-malas.

8. Documentação

• Certifique-se de que não há multas, débitos de IPVA ou restrições judiciais.

• Consulte histórico de leilão, sinistro ou passagem por seguradora.

9. Teste de rodagem

• Dirija em diferentes condições (cidade, estrada, subida). Não faça testes apenas em um quarteirão.

• Observe consumo, ruídos e resposta do motor.

10. Custo-benefício

• Carros com alta quilometragem costumam ser mais baratos, mas podem exigir investimento inicial em peças de desgaste.

• Compare o valor pedido com a Tabela Fipe e o custo de uma revisão completa.

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