O delegado morto na minha frente: como cheguei à cena da execução de Ruy Ferraz Fontes
Entre destroços e dezenas de policiais, testemunhei a morte do secretário que enfrentou o crime organizado

Sete horas da noite e meu telefone toca. A produção me diz uma única frase: — A pauta caiu! Corre para Praia Grande. Estava a poucos minutos da minha segunda entrada ao vivo. O assunto era comida: um festival de pratos em restaurantes a preço popular. Notícia boa para todo mundo — principalmente para a gente, que experimenta tudo. Só deu tempo de perguntar o que havia acontecido: — Um secretário da prefeitura foi executado.
“Um detalhe me chamou a atenção: o armamento perfuraria até um carro blindado. Talvez pensassem que o Dr. Ruy vivesse com medo, sempre vigilante. Mas não — ele usava um carro comum.”
O cinegrafista e eu já estávamos na estrada. Quarenta minutos depois, a cena do crime ganhava corpo. O homem estava morto na minha frente.

No local, dois ônibus, um carro capotado, destroços e muitos — digo, muitos — policiais. Quando a pauta vem de sopetão, sem nenhum planejamento, o jornalismo é investigativo. É preciso juntar as peças do quebra-cabeça. Vendo a cena, claramente era uma execução. Mas, aos poucos, os materiais começaram a chegar, e um vídeo foi revelador. Nele, um carro preto passa em alta velocidade, entra em uma avenida movimentada e tenta passar entre dois ônibus, onde capota. Logo em seguida, outro veículo preto chega, e três homens fortemente armados disparam muitas vezes contra o secretário. Pessoas se desesperam, deitam no chão. Tudo acontece muito rápido. Os homens voltam para o carro e desaparecem na fuga.
A pergunta que me vem à cabeça foi: por que matar um secretário de uma prefeitura? Logo descubro que se tratava de um delegado aposentado, com 40 anos de profissão em patentes altas da Polícia Civil. Nos anos 2000, ele indiciou líderes de organizações criminosas e nomes conhecidos pela polícia, atuantes no Primeiro Comando da Capital. Como chefe, transferiu os principais criminosos para presídios de segurança máxima em outros estados. O carro usado no ataque foi incendiado a dois quilômetros do local do crime. Isso indica que os assassinos tinham um plano completo para a execução. De repente, uma pessoa salta no meio de todos os policiais: o chefe da Polícia Civil, cargo denominado Delegado-Geral. Isso é um recado fortíssimo. O Estado vai se manifestar.
“O carro usado no ataque foi incendiado a dois quilômetros do local do crime. Isso indica que os assassinos tinham um plano completo para a execução.”
Na hora, lembrei das operações do ano passado após ataques a policiais: mais de 50 mortos e meses de tensão. Nunca havia visto um secretário de Estado transferir o gabinete para outra região, fora da capital. A perspicácia dos criminosos é enorme. A cidade é a maior em quantidade de câmeras inteligentes. Usaram um carro roubado no ataque, outro na fuga. Estavam encapuzados, armados com fuzis e pistolas de alto calibre. Um detalhe me chamou a atenção: o armamento perfuraria até um carro blindado. Talvez pensassem que o Dr. Ruy vivesse com medo, sempre vigilante. Mas não — ele usava um carro comum. Dias tensos virão. Alta demanda policial e muito jornalismo. Nos vemos nas telas! Até já!
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