Alcolumbre tenta mostrar que Executivo sozinho não chega a lugar nenhum
Em meio à crise, sentimento entre parlamentares é de que Congresso precisa se impor ao governo, avaliam fontes próximas ao presidente do Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tenta mostrar ao governo que o Executivo sozinho não chega a lugar nenhum. Há um sentimento entre parlamentares de que o Congresso precisa se impor em relação ao governo.
A análise foi feita por fontes próximas a Alcolumbre, após nota publicada no domingo (31), em que o presidente refuta insinuações pelo Executivo de que a aprovação de Jorge Messias pelo Senado estaria associada a cargos e emendas. Também após o comunicado desta terça-feira (2), em que Alcolumbre cancela a sabatina de Messias na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, que estava prevista para 10 de dezembro.
Messias foi indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto que Alcolumbre apoiava o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Alcolumbre soube da indicação oficial de Messias pela imprensa, o que gerou insatisfação. Segundo interlocutores do presidente do Senado, ele se sentiu desrespeitado por Lula, por não ter sido avisado, além de ter ficado “desgastado e exposto”.
O governo não enviou a mensagem com a indicação ao Senado como uma manobra para adiar a sabatina, diante da possível derrota - Messias não tinha, e não tem, votos para aprovação.
Ministros de Lula chegaram a dizer que seria “jogo” do presidente do Senado para ganhar mais cargos e emendas, o que fez com que Alcolumbre viesse a público, por meio de notas.
Segundo fontes, o governo, em vez de arrefecer, “dobra a aposta dando sinais trocados”.
Quando mandam o recado que querem saber “qual a fatura do Davi”, colocam explicitamente que o presidente do Senado estaria pedindo algo para aprovar Messias.
“Emendas e cargos não existem nesse caso para o Davi. Ele estava sendo um grande fiador do governo para os outros parlamentares, já que o governo não tem cumprido as promessas. Não há nada pendente para o próprio Davi. Ele cansou. Está usando a pauta do STF para mostrar que não está tudo bem”, analisa um político próximo a Alcolumbre.
Para ele, o PT tem “um jeito de fazer política de enrolar”. E a insatisfação do presidente do Senado não é de curto prazo. É acumulado, porque leva a um desgaste pessoal, além do Congresso.
O presidente Lula deve procurar Alcolumbre na quinta ou sexta-feira desta semana, mais tardar início da próxima semana, para entregar a mensagem presidencial, reaproximar e estabelecer um novo prazo para a sabatina de Messias.
A decisão de cancelar o calendário veio após um movimento, nos bastidores, de senadores que atuaram para intermediar a paz entre Lula e Alcolumbre.
Também estava na mesa no presidente do Senado a opção de notificar Messias apenas com base na publicação no Diário Oficial, pedir os documentos necessários (não teria a mensagem presidencial) e, na CCJ, dizer que o indicado não cumpria com a documentação necessária.
Assim, o indicado seria imediatamente derrotado - instalando uma crise sem precedentes. Porém, Alcolumbre optou pelo outro caminho: o de se posicionar por nota e adiar.
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