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Argentina dividida vai às urnas escolher entre Milei e Massa

Eleição define o presidente para os próximos quatro anos; Já o caminho para saída da crise será difícil de qualquer maneira

Blog do Nolasco|Thiago Nolasco, em Buenos Aires e Thiago Nolasco

Argentinos votam para escolher quem será o próximo presidente do país pelos próximos quatro anos
Argentinos votam para escolher quem será o próximo presidente do país pelos próximos quatro anos

Apesar da disputa acirrada entre Javier Milei e Sergio Massa, o clima é tranquilo nas ruas e nas sessões eleitorais nesta manhã de domingo (19) de Buenos Aires por onde o Blog passou. A eleição aqui definitivamente é muito diferente do que a gente vê no Brasil. Ponto para os argentinos, que não espalham sujeira no chão.

Agora, o que vai sair das urnas, após a apuração que começa às 18h (a Argentina tem o mesmo fuso horário de Brasília), é a grande dúvida. Pela lei eleitoral argentina, as últimas pesquisas foram divulgadas há oito dias. A maioria delas dava uma ligeira vantagem para o ultraliberal, candidato de direita, Javier Milei. Mas também haviam levantamentos que davam vitória ao peronista, de esquerda, Sergio Massa. Impossível dizer claramente, caro leitor, quem sairá vitorioso.

Mas vou arriscar um palpite, sem nenhum método científico, apenas pelo que senti dos eleitores argentinos desde quarta-feira (15), quando cheguei a Buenos Aires: me parece que Javier Milei ganha as eleições. Desta vez, ao contrário do primeiro turno, foi muito mais fácil encontrar os seus eleitores. Outra sensação que tive aqui nas conversas com os argentinos foi o sentimento de mudança.

Bom, saindo do campo das percepções e voltando aos fatos. Seja Massa, seja Milei, a situação é desafiadora. A crise chegou a um ponto máximo. A Argentina gasta muito mais do que arrecada e não possui crédito com o mercado internacional. Será preciso cortar gastos, com o mal uso do dinheiro público e também com subsídios. Aí que mora o problema, o cidadão argentino não quer perder os benefícios. Gás, água, transporte público e energia contam com dinheiro público para ficarem mais baratos. A conta de energia, por exemplo, mais da metade, 54%, é paga pelo Estado. Em resumo, a conta não fecha.


A inflação está a um passo da hiperinflação, 142% nos últimos 12 meses. O peso perdeu 60% do valor neste ano em relação ao dólar. E mais de 40% da população está abaixo da linha da pobreza.

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Massa e, principalmente, Milei terão muitas dificuldades de implementar um ajuste, que precisa ser feito rapidamente, de acordo com a maioria dos especialistas com quem conversei aqui na Argentina. Milei tem ideias muito radicais, imagina acabar com o Banco Central. Dolarizar a economia outros países já o fizeram. O exemplo mais próximo é o Equador, que precisou de nove meses para adotar a medida. O clima aqui será quente se Milei for o presidente e sem apoio da maioria do parlamento. Vida difícil o espera em caso de se eleger presidente.

Caso vença Massa, o peronista vai precisar de um ministro da Economia que não faça exatamente o que ele fez, congelar preços, reduzir impostos, também não será um caminho fácil mudar a estratégia radicalmente.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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