Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Blog do Nolasco

E agora, Milei?

Javier Milei foi eleito presidente da Argentina ao derrotar Sergio Massa no segundo turno das eleições

Blog do Nolasco|Thiago Nolasco, em Buenos Aires e Thiago Nolasco


Javier Milei fala com seus eleitores
Javier Milei fala com seus eleitores

A Argentina decidiu "cambiar", mudar, mas o caminho para a saída da crise não é fácil. No Brasil, a vitória do candidato direitista traz esperança para a oposição e traz dificuldades para a diplomacia do governo.

A Argentina decidiu mudar. Em 10 de dezembro, Javier Milei, o candidato ultraliberal e de direita, assume a presidência no lugar do peronista de esquerda, Alberto Fernández.

Mas o que representa a vitória de Milei? Primeiramente, esperança. Sempre que um novo governo é eleito, esse é o sentimento da maioria da população de um país. Só que, devido à crise aguda na Argentina, o tempo de Milei será curto. Ele vai precisar de alianças em um curto espaço de tempo se quiser pôr pelo menos parte de suas propostas em prática.

As principais propostas na área econômica são dolarizar a economia e fechar o Banco Central. Ambas são de difícil implementação. A Argentina não tem dólares suficientes para retirar o peso da circulação, e abrir mão da política monetária é algo impensável para um país do tamanho e da importância da Argentina.


Milei terá sérias dificuldades para levar o plano adiante e também terá que ter habilidade para fazer cortes nas despesas com subsídios. Se for muito agressivo, existe o risco de enfrentar protestos populares. Aqui na Argentina, gastos com transportes públicos, água, esgoto e eletricidade são subsidiados pelo governo e chegam à população na forma de redução de tarifas.

O maior desafio no momento para Milei será controlar a inflação, que atingiu 142% nos últimos 12 meses. Até o momento, o plano dele para enfrentar o problema é dolarizar a economia. O plano, como mencionado, é de difícil implementação e enfrentará resistência do Parlamento, onde Milei não terá maioria, e também do Judiciário argentino.


Para o Brasil, a vitória de Milei surge como um desafio, principalmente para o governo Lula, que perde um importante aliado nas discussões no Mercosul. O governo de Milei será um adversário da nossa diplomacia, mas não acredito que Milei vá sair do Mercosul ou dificultar a relação comercial. As negociações e as relações comerciais entre os dois países não são de governo, mas sim de Estado e entre empresas. Isso não mudará.

Se para o governo Lula a vitória de Milei não é positiva, para a oposição brasileira ela surge como um sopro de esperança para a vitória em 2026. A disputa no Brasil está distante, e a vitória de Milei não significa nada até lá. A competição em 2026 no Brasil está muito mais relacionada ao que o governo Lula consegue realizar e à disposição do presidente de concorrer a um novo mandato.

Javier Milei e Sergio Massa cumprimentam apoiadores após votar

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.