Em depoimento à PF, Bento Albuquerque afirma que joias eram presentes de Estado
Ex-ministro de Minas e Energia disse que apenas supôs que pacote seria um presente para Michelle Bolsonaro
Blog do Nolasco|Do R7
O almirante e ex-ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro Bento Albuquerque prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (14) a respeito do caso dos presentes enviados pelo governo saudita ao Brasil. O depoimento foi feito por videoconferência do Rio de Janeiro e durou cerca de uma hora. O ex-assessor dele, Marcos Soeiro, que estava com as joias na bagagem, também apresentou sua versão à PF.
Aos investigadores, Bento Albuquerque afirmou que os pacotes de joias seriam presentes de Estado, entregues por um oficial do governo saudita quando a comitiva brasileira já se preparava para retornar ao país.
O ex-ministro também disse que os pacotes não foram abertos até a chegada ao Brasil, e que não recebeu a informação de que os presentes seriam para o ex-presidente Jair Bolsonaro ou para Michelle Bolsonaro. A versão é diferente da que foi apresentada por Bento Albuquerque no aeroporto de Guarulhos; ao ver as joias, ele afirmou que tudo iria para a primeira-dama. Mas agora o ex-ministro disse que apenas supôs que se tratava de presentes para Michelle Bolsonaro.
Em outubro de 2021, ao voltar de uma viagem da Arábia Saudita, a comitiva do ex-ministro, que havia representado o ex-presidente Jair Bolsonaro em um evento, tentou entrar no país com joias avaliadas em mais de R$ 16 milhões. O conjunto com colar de diamantes acabou apreendido no aeroporto de Guarulhos. Assessores do então presidente tentaram liberar as joias, e um segundo pacote, com relógio e anéis, passou irregularmente pela alfândega e foi incorporado ao acervo pessoal de Jair Bolsonaro.
A defesa do ex-presidente afirmou ao TCU (Tribunal de Contas da União) que entregará esse segundo pacote, antecipando-se a uma decisão que o tribunal deveria tomar em julgamento do plenário nesta quarta-feira (15).
Além disso, está aberta uma investigação na Receita Federal. Os auditores intimaram o ex-ministro Bento Albuquerque a explicar a entrada no Brasil do segundo estojo com relógio e anéis. Esse presente ficou um ano no cofre do Ministério de Minas e Energia e depois foi colocado no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Receita quer saber por que a comitiva não seguiu o roteiro tradicional do regime de importação para a incorporação de bens públicos, que determina que presentes como joias e objetos de valor sejam colocados no acervo da Presidência da República e se tornem bens públicos.
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