Início da eleição para presidente da Rússia tem protestos
Registros de urna incendiada ou atacada com tinta circulam nas redes sociais
Blog do Nolasco|Thiago Nolasco, em Moscou e Thiago Nolasco
Foram registrados protestos no primeiro dia de votação nas eleições presidenciais na Rússia, nesta sexta-feira (15). As imagens que circulam nas redes sociais mostram uma eleitora ateando fogo em uma cabine de votação e outra jogando tinta nas cédulas.
Os protestos são a face visível do momento delicado que o país vive em meio à guerra com a Ucrânia e à possibilidade de expansão do conflito com os países liderados pelos Estados Unidos e que integram a OTAN.
As eleições na Rússia devem reeleger Vladimir Putin. Outros três candidatos estão na disputa, mas são adversários sem muita relevância. Por outro lado, a oposição foi impedida de disputar as eleições, como é o caso de Boris Nadezhdin, que defende o fim da invasão russa à Ucrânia, ou está morta, como o principal opositor, Alexei Navalny, que foi encontrado morto na semana passada na prisão onde estava.
Com a reeleição, será o quinto mandato de Vladimir Putin, permanecendo no cargo até 2030.
Em um terço da Rússia, as eleições estão sendo realizadas de forma eletrônica pela primeira vez. Esse formato levanta questões entre observadores independentes, uma vez que é quase impossível controlar o resultado.
Um movimento pela proteção dos direitos dos eleitores divulgou um relatório no qual qualificou a atual campanha como "a mais sem sentido" de toda a história das eleições presidenciais na Rússia.
Três candidatos foram autorizados a competir com o presidente Putin. Eles são o deputado do Partido Comunista da Federação Russa Nikolai Kharitonov, o chefe do LDPR Leonid Slutsky e o vice-presidente da Duma, Vladislav Davankov, de outro partido. Nenhum deles condena a guerra na Ucrânia nem critica diretamente Putin.
De qualquer forma, as eleições chamam a atenção do mundo, já que a Rússia está no centro das atenções devido à invasão da Ucrânia.
Nas ruas, o Blog conversou com várias pessoas que não pretendem votar. Um vendedor disse que não faz sentido votar porque não existem opções além de Vladimir Putin. Outros jovens expressaram o desejo de paz, e um rapaz que tem um irmão na guerra afirmou que nem poderia falar sobre o assunto. O medo da repressão do governo é algo sério aqui.
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