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Putin faz apelo na TV, mas muitos russos não vão votar na eleição para presidente

Voto não é obrigatório no país. Eleições vão acontecer de sexta a domingo

Blog do Nolasco|Thiago Nolasco, em Moscou (Rússia) e Thiago Nolasco

Putin deve ser reeleito para mais um mandato na Rússia
Putin deve ser reeleito para mais um mandato na Rússia Reprodução/RECORD

Ao desembarcar em Moscou nesta quinta-feira (14), a primeira constatação é de como muitos eleitores russos não estão interessados nas eleições presidenciais que começam nesta sexta-feira (15) e vão até domingo (17). O Jornal da Record e o Blog do Nolasco estão na Rússia para acompanhar as eleições do país em meio à guerra com a Ucrânia e ameaças de ampliação do conflito com outros países.

Conversei com algumas pessoas que disseram que não vão votar e até com uma jovem recepcionista do hotel que nem sabia que nos próximos dias haveria eleições na Rússia. Com os jovens por aqui, é mais fácil aprender como driblar o bloqueio do governo às redes sociais como Instagram e TikTok, sendo necessário instalar um aplicativo conhecido como VPN (até o Blog do Nolasco é bloqueado sem VPN aqui).

Nas ruas de Moscou, tudo está muito calmo, bem diferente da agitação eleitoral que vemos no Brasil e até mais calmo do que na Argentina.

Na TV, o presidente Vladimir Putin, que deve ser reeleito para mais seis anos, fez um apelo para que os russos votem.


"Estou convencido de que compreendem o período difícil que o nosso país atravessa, os difíceis desafios que enfrentamos em praticamente todas as áreas. Peço que votem no candidato de sua escolha, pelo futuro da nossa amada Rússia. Participar nas eleições é demonstrar seus sentimentos patrióticos", disse Putin.

Os candidatos são quatro, mas os três adversários de Putin têm pouca expressão. O principal líder da oposição, Alexei Navalny, apareceu morto na prisão no mês passado, e Boris Nadezhdin, que defendeu posição contra a guerra na Ucrânia, foi impedido de registrar candidatura por suposta irregularidade na coleta de assinaturas.


Neste cenário, Putin, que só é candidato porque foi aprovada uma reforma constitucional, deve ser reeleito e comandar o país até 2036 (contando com uma nova reeleição em 2030), quando terá 84 anos. Para confirmar a vitória, é preciso ter mais de 50% dos votos, ou haverá segundo turno em abril.

A economia russa, atingida pelas sanções internacionais, resiste. O blog que esteve aqui em 2022, uma semana antes do início da guerra, observou que não existem mais lojas de uma grande rede de fast food e que agora existe um número maior de carros chineses, resultado da maior parceria comercial com a China. Um taxista chegou a dizer que agora ficou muito caro comprar carros europeus.


A Rússia vem driblando as sanções, até de países como o Brasil, que tem comprado óleo diesel dos russos e consegue segurar os preços nas nossas bombas.

Sobre a guerra, Putin e a Rússia estão num momento favorável. As tropas têm avançado, mesmo que lentamente. Nesta quinta-feira, Putin voltou a lembrar da tomada da cidade de Avdiivka, no mês passado.

A Ucrânia, cada dia mais sem recursos, tem perdido muito de sua força de resistência. Mas ainda faz ataques importantes, como o que atingiu uma refinaria com drones nesta quarta-feira.

Quanto ao apoio popular, os russos que abordei foram unânimes: "Queremos paz".

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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