Nova pesquisa sugere que o autismo pode começar fora do cérebro
Entenda como as respostas do corpo podem impactar o desenvolvimento e o surgimento do autismo
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Durante muito tempo, o autismo foi tratado quase como um enigma restrito ao cérebro. Buscavam-se genes específicos, áreas cerebrais alteradas, circuitos defeituosos. Mas um artigo recente publicado na revista Mitochondrion propõe uma mudança importante. Talvez o ponto de partida não esteja apenas no cérebro, mas em algo ainda mais básico, a forma como as células reagem ao mundo ao redor.
Todas as nossas células têm um mecanismo natural de defesa. Quando algo ameaça o equilíbrio, como uma infecção, uma inflamação, a poluição ou um estresse intenso, elas entram em modo de alerta. É uma resposta inteligente e essencial para a sobrevivência. O problema começa quando esse estado não se desliga.
Segundo os autores do artigo, o autismo pode surgir quando esse sistema de defesa celular permanece ativado por tempo demais, justamente durante fases críticas do desenvolvimento, ainda na gestação ou nos primeiros anos de vida. Em vez de a energia ser usada para crescimento e organização do cérebro, ela passa a ser desviada para defesa.
O modelo proposto é simples de entender. Primeiro, existe uma predisposição biológica, geralmente genética, que torna algumas crianças mais sensíveis a mudanças ambientais. Depois, ocorre um gatilho precoce, como inflamação na gravidez, infecções, exposição a poluentes ou outros estressores. Por fim, essa ativação persiste por meses, em um período decisivo para a formação das conexões cerebrais. Quando essas três etapas se combinam, o desenvolvimento segue um caminho diferente.
Essa visão ajuda a explicar algo muito presente na vida real, mas nem sempre valorizado nos consultórios. O autismo raramente vem sozinho. Problemas gastrointestinais, alterações do sono, epilepsia, alergias, sensibilidade sensorial e dificuldades metabólicas são comuns. Não são coincidências. Se o corpo inteiro permanece em estado de defesa, os efeitos aparecem em vários sistemas ao mesmo tempo.
O artigo também desmonta uma ideia perigosa, a de que genética é destino. Mesmo alterações genéticas importantes não levam ao autismo em todos os casos. O que faz diferença é o contexto. Ambiente, metabolismo, inflamação e tempo se combinam de formas únicas em cada criança.
Talvez o aspecto mais esperançoso dessa abordagem seja justamente esse. Se parte do processo é modulável, identificar riscos cedo pode abrir espaço para intervenções que aliviem esse estado de alerta do corpo. Cuidar da inflamação, da nutrição, do intestino, do sono e do ambiente deixa de ser complementar e passa a ser central.
O artigo nos lembra de algo simples, o cérebro não vive isolado. Ele conversa o tempo todo com o resto do corpo.
✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp














