Folhas e casca de goiabeira têm compostos que podem ajudar contra câncer e doenças da boca
Estudos apontam que substâncias ligadas à planta podem combater bactérias da boca e até inibir células tumorais
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A goiaba faz parte da rotina do brasileiro em diferentes formas, seja como fruta fresca, suco gelado, doce de colher ou a clássica goiabada. Mas a goiabeira (Psidium guajava L.), árvore nativa da América do Sul, guarda muito mais do que sabor e tradição.
É uma das frutas tropicais de maior destaque, reconhecida não apenas pelo aroma marcante, mas também pelo seu valor nutricional. O teor de vitamina C na goiaba pode ser até sete vezes maior que o encontrado em outros frutos cítricos. Além disso, ela fornece fibras, vitaminas do complexo B, fósforo, ferro e cálcio.
Do ponto de vista agrícola, o Brasil é protagonista. São cerca de 345 mil toneladas de goiabas por ano em 16 mil hectares, com forte presença em estados como São Paulo, Pernambuco, Goiás e Bahia, que juntos respondem por mais de 70% da produção nacional. A fruta já se consolidou como matéria-prima versátil para polpas, sucos, sorvetes e até molhos agridoces.
No Brasil, outro avanço promissor envolve a morina, um flavonoide presente na folha de goiabeira, na casca de maçã, no figo, em chás e em amêndoas. Pesquisadores mostraram que um pó à base dessa substância apresentou efeito anti-inflamatório, antioxidante e antimicrobiano contra bactérias ligadas à periodontite, como Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Unesp, em Araraquara, e publicado no Archives of Oral Biology. Desenvolvida no doutorado de Luciana Solera Sales, sob orientação de Fernanda Lourenção Brighenti e apoio da FAPESP, a pesquisa teve colaboração de cientistas da Unesp, Uniara e da Universidade de Birmingham.
Testada em células epiteliais da boca e em neutrófilos, a morina reduziu a produção de citocinas inflamatórias, diminuiu espécies reativas de oxigênio (ROS) e inibiu a formação de biofilmes bacterianos.
Além disso, quando encapsulada em uma formulação polimérica de liberação controlada, mostrou efeito ainda mais potente, já que o sistema protege o composto da degradação e libera gradualmente a substância no ambiente bucal.
Agora a ciência acrescenta novos capítulos à história dessa árvore. Nos Estados Unidos, pesquisadores conseguiram sintetizar em laboratório o psiguadial A, uma molécula encontrada nas folhas e na casca da goiabeira conhecida por inibir a multiplicação de células tumorais.
O grande avanço foi recriar exatamente a estrutura produzida pela natureza, mas em quantidade suficiente para permitir novos estudos. Esse resultado não significa que já temos um medicamento pronto, mas abre caminho para avaliar sua segurança, entender melhor seus mecanismos e, no futuro, explorar seu potencial em terapias contra o câncer.
Assim, a goiabeira, tão comum nos quintais brasileiros, ganha novos significados: de fruta popular e nutritiva a fonte de compostos promissores para a saúde bucal e até para a oncologia.
Se até uma árvore tão comum pode esconder pistas contra doenças graves, imagine o que mais a biodiversidade brasileira ainda tem a revelar. É uma lembrança poderosa de que a natureza guarda soluções inesperadas e de que a pesquisa científica é capaz de transformá-las em esperança para o futuro.
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