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Ciência para o Dia a Dia

Entenda como uma destilação ruim pode fazer você beber de metanol a acetona

Saiba o que são cabeça, coração e cauda na bebida destilada, e como esses resíduos podem até virar combustível

Ciência para o Dia a Dia|Camille Perella CoutinhoOpens in new window

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Recentes casos de intoxicação no Brasil foram associados ao consumo de bebidas destiladas com metanol.
  • A destilação produz três partes: cabeça (toxinas), coração (etanol e sabor) e cauda (álcoois pesados).
  • A cabeça, que contém substâncias tóxicas, pode causar sérias intoxicações se consumida.
  • Separar as frações na destilação é crucial para garantir a qualidade e segurança das bebidas.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O perigo do álcool não está apenas no excesso de consumo, mas também na forma como a bebida é produzida Reprodução/RECORD

O Brasil registrou nas últimas semanas novos casos de intoxicação por bebidas adulteradas. Pessoas foram internadas ou morreram após consumir destilados com presença de metanol, um composto altamente tóxico.

Esses episódios reacendem um alerta que não pode ser ignorado. O perigo do álcool não está apenas no excesso de consumo, mas também na forma como a bebida é produzida.


O metanol surge naturalmente durante a fermentação, principalmente quando a matéria-prima é rica em pectina, como frutas. No processo de destilação, esse líquido se separa em três partes chamadas de cabeça, coração e cauda.

A cabeça corresponde a cerca de 5% a 10% do volume total e é a primeira a sair do alambique. Nela se acumulam compostos extremamente tóxicos como metanol, acetona e aldeídos.


Cabeça, coração e cauda: as frações da destilação da cachaça Imagem gerada por IA

O consumo dessa fração pode causar intoxicação grave, afetar o fígado, provocar cegueira e até levar à morte. Foi justamente a presença da cabeça em bebidas clandestinas que esteve por trás de diferentes crises do metanol no Brasil e em outros países.

O coração é a parte intermediária, em torno de 70 a 80% do destilado. É nele que predominam o etanol e os compostos aromáticos que dão sabor à bebida. É a fração engarrafada para consumo, mas isso não significa que seja segura.


A ciência já mostrou que não existe dose sem risco. O uso frequente de álcool aumenta as chances de cirrose, hipertensão, câncer e problemas cardíacos. Além disso, o alcoolismo não atinge apenas quem bebe. Amigos, familiares e toda a rede de convivência acabam sofrendo junto, seja no campo emocional, social ou financeiro.

A cauda representa de 10 a 15% do volume e aparece no fim da destilação. Carrega álcoois superiores, furfural e ácidos graxos. Não causa intoxicações imediatas como a cabeça, mas deixa a bebida mais pesada e amarga. É também a principal responsável por ressacas fortes, náuseas, dores de cabeça e irritações no estômago.


Em destilarias sérias, apenas o coração vai para a garrafa. Cabeça e cauda são separadas e recebem outros destinos. Muitas vezes são usadas para limpeza ou para alimentar fogareiros e fornalhas.

Também podem ser enviadas a usinas de etanol, onde passam por nova purificação e se tornam matéria-prima para combustível automotivo. Não podem ir direto para o tanque de um carro, mas processadas corretamente acabam transformadas em etanol combustível.

Separar bem cada fração é fundamental para garantir qualidade e segurança. Mas, mesmo quando a destilação é feita com todo cuidado, o álcool nunca é inofensivo. O coração da bebida pode render bons brindes, mas se consumido com frequência cobra um preço alto da saúde e da vida em sociedade.

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