Será que você realmente precisa de suplemento de vitaminas?
Estudo mostra que suplementos modulam a microbiota e aumentam compostos benéficos, mas especialistas fazem alerta
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Um estudo da Universidade de Glasgow, publicado na Clinical Nutrition, mostrou que apenas dez dias de suplementação com multivitamínicos e minerais foram suficientes para alterar a microbiota intestinal de adultos saudáveis. Os pesquisadores observaram aumento na produção de ácidos graxos de cadeia curta, como butirato e propionato, que fortalecem a saúde intestinal e ajudam a reduzir inflamações. Também houve queda em bactérias associadas a maior risco cardiovascular e câncer de cólon, como o gênero Lachnoclostridium.
Um detalhe importante chamou atenção: a dieta de fundo fez diferença. Indivíduos que consumiam mais gordura saturada responderam de forma distinta em comparação a quem mantinha uma alimentação equilibrada.
Na prática, uma dieta variada, rica em frutas, legumes, verduras e cereais, já fornece naturalmente as doses recomendadas de vitaminas e minerais. O uso indiscriminado de cápsulas não só é desnecessário para a maioria das pessoas, como também pode trazer riscos. A nutricionista Rafaella Lellis, mestre, docente e pesquisadora, destaca que hoje há uma forte tendência ao consumo de suplementos, impulsionada por propagandas, influenciadores digitais, redes sociais e pela facilidade de compra online, muitas vezes sem prescrição. “Muitos recorrem aos multivitamínicos acreditando que funcionam como um seguro de saúde ou uma forma de compensar falhas na alimentação. No entanto, essa prática nem sempre é necessária, já que uma dieta variada e equilibrada costuma ser suficiente para atender às necessidades nutricionais diárias da maioria das pessoas.”
Quando a vitamina vira veneno
Vitaminas em excesso podem causar intoxicação. As lipossolúveis (A, D, E e K), que ficam armazenadas no organismo, estão associadas a problemas no fígado, nos rins e na coagulação. Entre as hidrossolúveis, a B6 em megadoses pode provocar danos neurológicos, enquanto a C em excesso está ligada a cálculos renais e desconfortos gastrointestinais.
A médica Mariana Losacco lembra que, embora a maioria das vitaminas esteja disponível sem receita em farmácias e supermercados, algumas exigem prescrição, especialmente em doses elevadas ou em tratamentos específicos. A vitamina D em altas doses, por exemplo, só pode ser vendida com receita devido ao risco de toxicidade. O mesmo ocorre com complexos usados em doenças neurológicas ou deficiências graves, como tiamina (B1) e cianocobalamina (B12) em formulações injetáveis. Ela alerta que o consumo excessivo pode levar à hipervitaminose, mais comum nas lipossolúveis, mas até as hidrossolúveis podem causar efeitos adversos em megadoses, reforçando a importância do acompanhamento médico para ajustar a dose conforme sintomas e exames. “O ideal é sempre acompanhar com o seu médico para utilizar as doses individualizadas, com base nas suas queixas e seus exames”, afirma a médica.
Outro ponto de atenção são as interações entre vitaminas e medicamentos. O excesso de zinco pode reduzir a absorção de cobre. O cálcio pode diminuir a absorção do ferro, por isso não é recomendado consumi-los em altas doses ao mesmo tempo. Já a vitamina K pode interferir na ação de anticoagulantes, como a varfarina. Esses exemplos reforçam, segundo Rafaella Lellis, a importância de utilizar suplementos apenas com orientação profissional, evitando desequilíbrios e possíveis prejuízos à saúde.
Na mesma linha, a nutricionista Débora Preceliano de Oliveira, mestre, doutoranda e pesquisadora em microbiota intestinal, ressalta que a alimentação deve ser a principal fonte de nutrientes. Uma dieta variada não apenas garante vitaminas e minerais, mas também fibras, antioxidantes e compostos bioativos que nenhuma cápsula substitui .Ela lembra ainda que as evidências apontam que a maneira mais eficaz de modular a microbiota é por meio do consumo de fibras e polifenóis, amplamente presentes em alimentos de origem vegetal. Em resumo, a ciência reforça: suplementos podem ter seu lugar, mas nenhum deles substitui o poder de um prato colorido.
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