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Ciência para o Dia a Dia

O que a ciência descobriu sobre o TDAH que muda tudo

Descoberta inédita identifica mutações raras que aumentam o risco do transtorno e ajudam a entender seus desafios no dia a dia

Ciência para o Dia a Dia|Camille Perella CoutinhoOpens in new window

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A ciência descobriu mutações raras em genes que aumentam o risco de TDAH, mudando a compreensão sobre a origem do transtorno.
  • As mutações foram identificadas em três genes: MAP1A, ANO8 e ANK2, que afetam o funcionamento das células nervosas.
  • Pessoas com TDAH portadoras dessas mutações enfrentam mais dificuldades acadêmicas e profissionais, com impacto no QI.
  • Estudos indicam que o TDAH tem origem genética e biológica, desmistificando a ideia de que é causado por fatores externos ou falta de disciplina.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A mente no TDAH e o excesso de estímulos Imagem Gerada por AI

Nos últimos anos, a ciência tem avançado muito para explicar como o TDAH surge e por que algumas pessoas desenvolvem o transtorno e outras não.

A ideia de que o TDAH é apenas resultado de criação, ambiente ou falta de disciplina já ficou para trás. Cada novo estudo reforça que o cérebro funciona de forma diferente e que a genética tem participação importante nessa história.


Um estudo publicado na revista Nature analisou o DNA de quase nove mil pessoas com TDAH e mais de 50 mil sem o transtorno. Em vez de olhar para alterações comuns no genoma, que aparecem em grande parte da população, os pesquisadores investigaram mutações raras que mudam o funcionamento de proteínas importantes para o cérebro. Essas variantes são pouco frequentes na população, mas podem aumentar bastante o risco para alguns indivíduos.

Os cientistas encontraram três genes com alterações raras que aparecem com muito mais frequência em pessoas com TDAH. São eles MAP1A, ANO8 e ANK2.


Cada um atua em funções essenciais da célula nervosa, como a arquitetura interna dos neurônios, a comunicação entre células e o fluxo de íons que permite a transmissão dos sinais elétricos.

Quando esses genes sofrem mutações que atrapalham sua função, o risco de TDAH sobe de forma marcante.


Essas descobertas não ficam restritas ao diagnóstico. O estudo mostrou que as pessoas com TDAH que carregam essas alterações tendem a enfrentar mais dificuldades na escola e na vida profissional.

Em média, cada variante rara associada ao transtorno reduz o quociente de inteligência em pouco mais de dois pontos. Isso não significa que essas pessoas têm limitações rígidas, e sim que podem enfrentar obstáculos cognitivos que se somam aos desafios típicos do TDAH.


Um aspecto interessante do trabalho é a clareza de que o TDAH não é causado por um único gene. As variantes raras têm impacto forte para algumas pessoas, enquanto milhares de variantes comuns, cada uma com efeito pequeno, somam forças no restante da população.

É como se existissem dois caminhos genéticos diferentes que podem aumentar a chance de desenvolver o transtorno, um composto por mutações raríssimas e potentes e outro formado por muitas pequenas mudanças espalhadas pelo DNA.

O estudo também revelou que esses genes de risco para TDAH são mais ativos em neurônios dopaminérgicos, que participam de processos como motivação e atenção, e em neurônios GABAérgicos, que ajudam a regular circuitos cerebrais. Isso se conecta à forma como os medicamentos usados no tratamento agem e reforça que o TDAH tem origem biológica e está ligado à maneira como o cérebro se desenvolve e funciona.

Ao mesmo tempo, os autores observaram que essas variantes não são exclusivas do TDAH. Parte delas aparece também em condições como autismo e distúrbios do neurodesenvolvimento. Isso mostra que diferentes diagnósticos podem compartilhar caminhos biológicos, embora causem efeitos distintos em cada pessoa.

O aspecto mais valioso desse tipo de estudo é a mensagem que ele traz para a sociedade. O TDAH não é uma falha de caráter, nem falta de esforço.

É um transtorno com base genética e neurobiológica clara, que pode ter impacto real nas oportunidades educacionais e profissionais das pessoas.

Compreender essa origem ajuda a combater o estigma e abre caminho para políticas de apoio, diagnóstico mais preciso e intervenções mais eficazes.

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