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Eduardo Olimpio

A Operação ‘Tapeia-Buraco’ de cada dia nos dai hoje

Autoridades devem fazer a coisa certa e com capricho na manutenção do que é público e tem dono

Eduardo Olimpio|Do R7

Queda de passarela na Marginal Tiête em novembro de 2019
Queda de passarela na Marginal Tiête em novembro de 2019

Atire a primeira pedra – de algum buraco na via, este mesmo aí, perto de você – quem nunca topou, na cidade em que mora, com alguma marca ‘definitiva’ de que a administração pública esteja falhando em sua obrigação de manter equipamentos urbanos em bom funcionamento e as coisas em seu devido lugar.

Num recorte pedagógico, entende-se como equipamentos urbanos prédios, pontes, calçadas, praças, postes, etc. Entram ainda o asfalto indecente ao tráfego e a ausência de lixeiras para, em poucos metros, serem alcançadas pelo contribuinte.

Qual de vocês, em algum momento, presenciou uma renovada faixa de trânsito pintada por cima de buracos na rua, cheios de farelos e pedras soltas, ou tapados de qualquer jeito em baixo ou alto relevo? Quem nunca viu tampa de bueiro (ou boca de lobo, depende da leitura) quebrada, desencaixada, rachada ou mesmo com pedaço faltante "vestida do mais novo e puro branco caiado"?

Seriam estes exemplos de desperdício de dinheiro público, de mão de obra? Uma moléstia infecciosa que ataca quase a totalidade das gestões públicas pondo em risco pedestres, ciclistas e motoristas, todos pagantes de impostos? Mais uma das molecagens do Saci Pererê? Indiferença? Falta de senso estético, empatia ou de espírito público? Porquice (me desculpem os defensores dos animais a atribuição nem sempre honrosa aos suínos)?


Quer mais? Postes inclinados que ameaçam suicídio a qualquer hora; muitos destes sem uso algum, "pelados". Viadutos literalmente inutilizados (quem mora na cidade de São Paulo e passa pela marginal Pinheiros vê alguns destes velhos monstrengos esquecidos ao lado de seus jovens vizinhos de concreto).

Ainda, placas de sinalização inexistentes, sujas e/ou apagadas. Árvores suplicando para serem podadas ou mesmo retiradas de seus buracos por não aguentarem seu peso e cupins. Córregos, rios e nascentes cheios de material sintético boiando em seus leitos ou arredores.


Pontos de ônibus precários, sem cobertura ou iluminação (pois é, isso ainda ocorre, e sim, já estamos no século XXI!). Pragas urbanas infestantes. Coleta e tratamento de lixo disforme. Falta de universalidade e padronização na acessibilidade aos deficientes. Esgoto consagrado a céu aberto. Sarjetas e guias pessimamente conservadas. Fiação aérea sobrecarregando a paisagem ou carregada de elétrons em fios partidos que faíscam sobre as cabeças humanas.

Aproveitando o tal ‘jeitinho’ tupiniquim aqui já tratado recentemente, a carência de capricho e técnica no trato da coisa pública é escandalosa e parece refletir um conceito tão enraizado quanto equivocado, de que o que é de todos não é de ninguém, portanto, o sujeito indeterminado e impessoal não teria como cobrar ou ir atrás de soluções da capenga infraestrutura urbana porque não se sente pertencente ou mesmo dono daquilo que está na rua, a serviço de si e de todos.


Ou seja, uma confusão de atribuições que só ajuda quem, tentando responder a algumas das questões postas, é porco, é desumano, é folclórico, é criminoso intencional ou mau gestor da grana recolhida de toda uma coletividade.

Também existe, por parte da administração pública, a desatenção e descuido com o patrimônio histórico e arquitetônico, que resulta em aniquilação da base referencial e cultural de uma comunidade. E os serviços vinculados a políticas públicas? Bem, esta é e não é outra questão, mas não cabe nesta prosa.

Pra começar a reverter esse cenário, que tal experimentarmos uma espécie de exercício crítico cidadão e não permitir que se gaste tinta em sinalização horizontal por cima do asfalto esburacado, da tampa quebrada ou sob o esgoto corrente? Ninguém mais merece tropeçar na "nova" faixa "de Gaza" de pedestres com pigmento fresco em cima de asfalto podre!

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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