O despertar do Brasil para a hora da política
A semanas das eleições, que os brasileiros comecem a pesquisar, pra valer, em nome de quem concederão as cadeiras do poder popular
Eduardo Olimpio|Do R7

Com mais 2 milhões de novos eleitores cadastrados somente no primeiro semestre deste ano, um Brasil de 156 milhões de votantes prepara-se para dar, novamente, mais um passo à frente em direção à consolidação democrática representativa, por meio das eleições livres e diretas no próximo dia 2 de outubro. Elas determinarão, por votação confiável e auditável, os parlamentares estaduais e federais a ocuparem as assembleias legislativas e o Congresso Nacional, bem como os governadores e o presidente da República.
O país está numa saudável trajetória democrática ininterrupta desde a retomada das eleições diretas em 1989, quando elegeu seu primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura. De lá para cá a sociedade emancipou-se e saiu às ruas para sucessivas campanhas eleitorais, protestos, comícios e outras tantas manifestações populares e democráticas, mesmo que tenham tido episódios, e apenas esporádicos, marcados pelo eventual confronto com a lei e a ordem.
E o dia da eleição é o exemplo talvez mais claro desse caráter reivindicatório. Na data em que é realizada, cada voto carrega para dentro da urna coisas mais valiosas do que simplesmente o nome do candidato, seu partido e número de registro no Tribunal Superior Eleitoral. Está em jogo todo um universo de possibilidades, de direitos, de participação, de representação, de reivindicação. Entre possíveis leituras em meio a este aglomerado de circunstâncias está estabelecida, inclusive, a possibilidade de que haja, a depender da "leitura" da maioria dos eleitores, a reeleição dos atuais mandatários dos cargos chamados majoritários, que, no caso deste pleito, compreendem governadores de Estado, do Distrito Federal e o presidente da República; o direito se estende aos deputados estaduais, federais e senadores.
Essa é uma opção, porém, uma das características mais significativas desse processo todo está justamente na viabilidade que as eleições e a própria democracia oferecem que é a alternância do poder. Se uma maioria entender que seu representante traiu princípios, (des)governou, corrompeu, aprofundou ou criou crises institucionais e sociais, não fez a gestão correta dos impostos para prestar os devidos serviços públicos que proporcionassem o bem-estar social, legislou em causa própria e praticou ilegalidades e imoralidades, entre outros "pecadilhos", a hora do voto é o momento de ouro para trocar o detentor do cargo público por outra pessoa que se candidate para tal e que, na opinião dessa população, possa ter as condições e canalizar os anseios a fim de fazer uma boa gestão da coisa pública. Para tanto, deve este novo ou reconduzido chefe do Poder Executivo ser transparente, objetivar o bem comum e agir licitamente com base na boa governança a todos, independentemente de quem votou ou não a seu favor.
Neste instante, as convenções partidárias estão acontecendo país afora para justamente oficializar candidaturas, esquentando de vez a corrida eleitoral. Trata-se de mais uma oportunidade para conhecer as forças que se unem em torno delas. Apoios, nova legislação quanto à federação partidária, pré-programas de governo e posicionamento das instituições democráticas em relação a discursos de pretendentes a cadeiras como a do Palácio do Planalto devem começar já a tornar-se parte da atenção dos brasileiros frente a um campo político acirrado, polarizado e, por isso mesmo, necessitado de muita reflexão por parte dos eleitores.
Até aqui viemos, principalmente nestes últimos três anos e meio, embalados por muito ruído, desinformação, manifestações inquietantes e desafiadoras, que ainda demandam, das instituições e da sociedade civil organizada no geral, reações racionais e firmes visando a um retorno ao equilíbrio emocional e funcional, a fim de que o país não perca as oportunidades econômicas e a confiança de investidores e das demais nações.
Confusões à parte, o Brasil tem urgências profundas a ser enfrentadas rapidamente como a fome e a miséria social que se alastram diariamente, a escalada da violência em todas as classes sociais, a inflação e a alta dos juros primários e do crédito, o sucateamento de órgãos públicos e instituições prestadoras de serviços, a perda de riquezas naturais e ataques criminosos contra o meio ambiente, o rebaixamento diplomático nas relações exteriores, o declínio do investimento nas ciências de base e de ponta, a baixa qualidade da educação pública e o encolhimento de políticas estatais virtuosas por décadas na área da saúde como a vacinação e a prevenção de doenças.
Que o próximo presidente olhe para esse cenário todo e faça as devidas gestões, como servidor público que será ao ocupar temporariamente o cargo maior da administração estatal. E é bom lembrar que os desafios extrapolam esta pequena lista, mesmo sendo ela de importância imensurável.












