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O morre e nasce do Populismo

Fenômeno floresce com as campanhas políticas e dá seus frutos majoritariamente após conquistas dos cargos políticos

Eduardo Olimpio|Do R7

O dia 7 de setembro (já falei sobre simbolismo mas sempre tem muita coisa a explorar e refletir sobre o tema que, humildemente, não esgotei por falta de capacidade em fazê-lo) é um feriado nacional e, para além da história oficial e relatos paralelos a respeito de como se deu o grito rompedor de dom Pedro I, deveria ser espaço para pensar sobe a política e suas formas próprias de se fazer acontecer.

Dentre modos de se governar e organizar o estado, e priorizar o mercado ou o social (grosso modo a direita ou a esquerda), as pessoas que estão ocupando cargos de comando nos mais diferentes formatos (quer republicanos, monárquicos, autocráticos etc), com raras exceções, padecem coletivamente de um perfil personalíssimo que vem desde longe e, ao que parece, não nos deixará tão cedo, alimentando majoritariamente os destinos dos povos latino-americanos (mas não só os que vivem nestes trópicos).

O fenômeno do populismo, termo muito usado por historiadores e cientistas sociais para demarcar um conjunto de atributos que tipificam uma maneira razoavelmente bem demarcada em existir politicamente, vem se transfigurando ao longo dos anos sem, contudo, perder algumas de suas essências que, uma vez alicerçadas, garantem a sua reconstrução a cada ciclo.

Dentre os traços relevantes estão a capacidade de um gestor público em tornar seu carisma pessoal um ponto forte de conquista de seus liderados, fazendo-os se sentirem protegidos (uma leitura disso pode ser a propagação da ‘satanização’ de uma ‘elite’ que estaria contra o ‘povo’ e este populista, por certo, se colocando em dupla posição como fomentador desta polarização e defensor do pobre); em tomar pra si a tarefa de se relacionar publicamente sem intermediações; assumir um papel ‘heroico’ de nacionalista (aqui cabem alguma rejeição à imigração, uma altivez por vezes ‘cega’ perante outras nações, proteção a economia promovendo a qualquer custo a produção local, entre outras medidas) e contar com um sistema partidário enfraquecido para ‘surfar’ a onda populista sem maiores chances de tombo por meios político-institucionais. 

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O ganho com esse gênero é quase que totalmente personalizado no detentor destes poderes. Cabe muito pouco aos liderados que, quase impossibilitados de manobrar sua própria ‘sorte’ do ponto de vista da política como um meio e não um fim em si de busca por um bem-estar coletivo, não conseguem se descolar das múltiplas ‘qualidades’ do senhorio. Cativante, orador e defensor, quem se oporia?

Acontece que, como tudo em ciência, nas sociais ocorrem também as quebras de hegemonias e o que vale hoje como uma lei natural, amanhã poderá passar por mais pesquisas e ensaios que revelarão novas formas e afirmações. Disso podemos intuir que, mesmo achando que nada muda e populistas aparecem como aqueles matinhos que nascem sem que os cultivemos, se não cuidamos nós mesmos do solo acabamos, por omissão ou desconhecimento, damos as condições ideais deles nos emaranhar.

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De tempos em tempos cada um desses raminhos cresce muito, coincidentemente em épocas eleitorais. Portanto, cabe a cada um de nós enxergar em meio a toda a flora política que brota de 2 em 2 anos no país, a erva que desde sua germinação já dá sinais claros de que verdejará populista, sem deixar de estar atento aos que assim não surgem, mas se tornam por oportunismo. A história do Brasil está cheia de casos e exemplos tanto de um quanto de outro.

As eleições que se avizinham ainda neste ano podem funcionar como um herbicida, aproveitando o mote da expansão de rótulos destes produtos recentemente permitida. Ao sentirmos a presença de políticos que, em resumo, falam somente o que lhes interessa e assim procedem na comunicação com o povo quando jorram palavras, frases, pensamentos e reflexões muitas vezes superficiais e porosas, que possamos aplicar o veneno correto para dar um fim neles, nem que somente para a próxima florada.

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