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Blog do Heródoto

A crise dos partidos políticos no Brasil: da corrupção à ditadura

Parece, mas não é: a máquina é manipulada por pequenos grupos que dominam todas as instâncias partidárias

Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro

Supremo avalia 'sobras eleitorais', questionadas por partidos políticos
A crise nos partidos políticos do Brasil Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Os partidos políticos são a perdição do Brasil. Pelo menos é o que diz a propaganda oficial do governo. Não contribuem para nada, são ninhos de corrupção, e um canal aberto para o fisiologismo e o paternalismo. Por meio deles é possível ter acesso às verbas governamentais e canalizá-las para os seus verdadeiros currais eleitorais. Com isso se consolidam no poder, uma prática tão antiga como a República brasileira.

A quem interessa a existência de agremiações sem ideologia, programa claro, cursos de iniciação política, publicação de livros e panfletos? Aos tubarões, diz a extrema-esquerda, ainda que nanica e perdida nas diretivas que recebe do exterior. Os dias dos partidos políticos brasileiros estão contados.

As famílias são donas dos partidos. A máquina é manipulada por pequenos grupos que dominam todas as instâncias partidárias. Não há democracia interna neles. As assembleias, reuniões, diretórios e outras instâncias partidárias só existem no papel, fazem o que querem.

As oligarquias regionais, grandes latifundiários, conservadores e reacionários, tratam o partido como um puxadinho de suas fazendas ou fábricas. Coonestam com o sistema eleitoral corrupto e as disputas nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional são em torno do interesse da elite.


O cidadão comum, pagador de imposto, eleitor convocado sob pressão, não faz a menor ideia para que e o que fazem os partidos políticos. A cada quatro anos os partidos dão as caras para as eleições e depois voltam a imergir por mais quatro anos. Se eles forem extintos, é possível que a população não sinta falta nem saia em defesa das siglas, sejam elas quais forem.

O melhor caminho é acabar com todos os partidos no esforço que o recém instaurado ditador faz para concentrar todo o poder em suas mãos. Quem ousa dizer que não há democracia sem partidos livres? Ninguém, nem mesmo a mídia de oposição. Afinal, o Estado Novo está implantado em 1937 à semelhança e imagem dos regimes fascistas de Portugal, Espanha e Itália. Getúlio Vargas assina o decreto-lei que acaba com todos os partidos políticos do Brasil e consolida o seu governo ditatorial. Esse decreto se junta a outros que impõem o fim das liberdades que ainda se respirava no país.


A Constituição de 1934, que Vargas tinha jurado respeitar, não existe mais. Já está em elaboração pelos colaboradores do governo uma nova carta constitucional, sem a convocação de uma assembleia constituinte. É apelidada de Polaca, tal a semelhança com a carta da Polônia, também uma ditadura de direita.

Há uma acomodação geral dos políticos com o fim dos partidos – a direita, assustada com a narrativa de que os comunistas estão à espreita para impor um regime soviético no Brasil, e a esquerda, entre eles os comunistas acomodados nos porões da ditadura, sem nenhum direito, e alguns submetidos à tortura cruel.


O advento da Segunda Guerra Mundial, a aproximação com os Estados Unidos, dão fôlego para o Estado Novo sobreviver até 1945. Vargas cai como chegou ao poder em 1930, por meio de um golpe de estado com a participação dos militares. Os partidos voltam com o retorno da democracia em 1946 e se preparam para redigir uma Constituição democrática.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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