O dia 30/03 é dedicadao internacionalmente à conscientização do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB)
O transtorno bipolar atinge cerca de 2% da população, embora essas estatísticas possam ter variações entre os países
Joel Rennó Jr|Do R7
A psiquiatria atual tem estudado as diferenças, entre os gêneros masculino e feminino, do TAB. Conhecemos basicamente dois tipos de TAB: TAB I, caracterizado pela alternância entre fases de depressão e mania (mania aqui significa agitação, idéias de grandeza, irritabilidade, labilidade afetiva, discurso acelerado e até sintomas psicóticos) e TAB II, caracterizado pela alternância entre fases de depressão e hipomania (forma mais branda de mania, muitas vezes de difícil avaliação e percepção porque as pessoas se sentem com mais energia e não procuram ajuda).
As mulheres costumam ter mais TAB II e geralmente mais fases depressivas do que os homens, costumando ser mais cicladoras rápidas (mais de 4 fases por ano). Interessante notar que nos meses de outono e inverno as mulheres também têm mais fases depressivas. Mulheres também relatam mais sintomas melancólicos de depressão incluindo excesso de sono, aumento de apetite e ganho de peso ao lado de tristeza, desânimo, perda de energia e pensamentos negativos.
Mais da metade das mulheres com TAB estão acima do peso ou obesas e isso acaba levando a um impacto negativo na autoestima o que pode perpetuar a depressão.
Em estado de mania, os homens têm mais probabilidade de apresentar hipersexualidade, hiperatividade ou problemas decorrentes (acidentes, implicações jurídicas, agressões). Mulheres com TAB têm o dobro de risco de doenças cardiovasculares que a população geral.
No sexo feminino, outros aspectos peculiares das mulheres que sofrem de TAB envolvem as interações medicamentosos entre os estabilizadores de humor (usados para o tratamento de TAB) e contraceptivos orais além do padrão cíclico de mudança de humor de acordo com a fase do ciclo menstrual.
Muitos pacientes com TAB demoram vários anos para entender a doença e aderir corretamente ao tratamento e isso pode agravar o curso da doença, piorando o prognóstico.
A psicofobia, ou o preconceito contra quem sofre de transtorno bipolar é exacerbado na sociedade em diferentes culturas. Isso dificulta a difusão de informações corretas e embasadas cientificamente à sociedade.
Pacientes que não fazem o tratamento correto do TAB são mais vulneráveis a uma série de doenças clínicas metabólicas, vivem menos, têm menor funcionalidade, maiores chances do uso de álcool, drogas e de suicídio.
A boa notícia é que embora ainda não haja uma cura, o controle da doença crônica se faz na atualidade com medicações eficazes e efeitos colaterais administráveis na maioria dos pacientes. Aspectos psicossociais além dos farmacológicos também devem ser enfatizados no tratamento. Trabalhos psicoeducacionais como os realizados pela ABRATA são de extrema relevância no processo de conscientização e sucesso terapêutico da doença.
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