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Prevenção de doenças mentais. É possível?

Um grande espectro de fatores, como mapa genético, química cerebral e aspectos dos nossos hábitos e estilo de vida, participa como causadores dos transtornos mentais

Joel Rennó Jr|Do R7

Investir na primeira infância é a chave para um desenvolvimento emocional saudável

(Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância)

O termo “doença mental” ou transtorno mental engloba um amplo espectro de condições que afetam a mente. Doença mental provoca sintomas tais como desequilíbrio emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da memória. Algumas vezes, doenças em outras partes do corpo afetam a mente; outras vezes, desconfortos, escondidos no fundo da mente, podem desencadear outras doenças do corpo ou produzir sintomas somáticos.

Um grande espectro de fatores — nosso mapa genético, química cerebral, aspectos do nosso estilo de vida, além dos acontecimentos que nos acometeram no passado e nossas relações com as outras pessoas — participa como causadores do transtorno mental, conduzindo ao sofrimento, desesperança e incapacidade de levar a vida na sua plenitude.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cujo presidente atual é o dr. Antonio Geraldo, tem se preocupado e lutado muito contra os preconceitos e estigmas ainda existentes que impedem o tratamento precoce.

Os transtornos mentais são democráticos. Mesmo nas cidades mais distantes e isoladas do mundo, com natureza, paz e tranquilidade, eles podem começar cedo, na infância. Por isso, uma ampla campanha de orientação, educação, informação e reconhecimento deve ser instituída na sociedade, orientando, principalmente, pais e professores. Na fase reprodutiva, as mulheres são duas vezes mais acometidas de depressão que os homens. Em relação aos transtornos de ansiedade, a proporção é de 2-3 mulheres acometidas por homem afetado.

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A partir dos 15 anos, em média, começam alguns desequilíbrios emocionais, embora, hoje, muitas crianças pequenas já apresentem os sinais e sintomas iniciais. Os sintomas podem ser variados, incluindo uma ansiedade persistente sem motivos aparentes, dificuldade de aprendizado, desatenção, irritabilidade, choro, tristeza, desinteresse, agitação, medos intensos de escuro, altura e espaços amplos e abertos (fobias) e quadros de depressão ou psicose. Caso não haja o diagnóstico precoce, pode haver evolução para uso de álcool e drogas ou para um tipo grave de depressão. As mães devem ficar atentas.

O World Mental Health Survey (Levantamento Mundial sobre Saúde Mental), conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) anos atrás, iluminou um caminho de possibilidade de contenção de qualquer distúrbio emocional durante a infância, evitando o surgimento de quadros psíquicos graves, durante o período escolar. Houve um braço de tal estudo no Brasil com resultados muito significativos. 

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A magnitude da importância de tal conhecimento é incalculável. Em 14 países avaliados, entre 4,3% e 26% da população apresentou algum transtorno psiquiátrico, o que é um dado alarmante pelos inúmeros prejuízos psicossociais gerados.

Todos falam dos prejuízos sociais, familiares e individuais, porém se esquecem do impacto econômico, devido à incapacitação gerada pelas doenças mentais. Transtornos mentais graves podem acarretar 200 dias de falta ao trabalho. Nossos políticos precisam, portanto, tratar com mais atenção, sensibilidade, respeito e eficácia a saúde mental no Brasil, priorizando a intervenção primária logo na infância referendada cientificamente por um excelente grupo de pesquisa recém-fundado no Brasil que é o Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância (CPAPI). Muitos projetos governamentais ainda não saíram, infelizmente, do papel. Ainda mais em países “emergentes” como o Brasil, onde a verba para saúde pública, infelizmente, acaba sofrendo desvios de finalidades lamentáveis. 

O mundo todo precisa se mobilizar para uma efetiva melhora do panorama de saúde mental. Em milhares de entrevistas realizadas, comprova-se quanto tais transtornos mentais são subdiagnosticados, tratados de forma inadequada e negligenciados pelas políticas públicas de saúde. É triste, pois sabemos que o controle é perfeitamente possível nos estágios iniciais. Toda a sociedade sairá vencedora.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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