Os pilotos de um cargueiro BAE 146 que voou abaixo da altitude mínima de segurança durante uma aproximação noturna ao aeroporto de Rockhampton, na Austrália, provavelmente estavam sob efeito de fadiga e lidando com uma alta carga de trabalho. Foi o que revelou uma investigação da agência Australian Transport Safety Bureau (ATSB), que investiga acidentes e incidentes de todos os modais de transporte na Austrália. No Brasil temos o CENIPA, a diferença é que só investigam acidentes e incidentes aéreos. Na madrugada de 5 de janeiro de 2023, dois pilotos operavam um avião modelo Pionair Australia BAE 146-200 em um voo noturno de carga da cidade de Brisbane para Rockhampton, Queensland. Por volta das 3h30, a tripulação iniciou uma aproximação para a pista 33 de Rockhampton, mas se desviou da rota pré-determinada. Após descontinuar a aproximação, a tripulação subiu a aeronave até 1.372 metros (4.500 pés) e aguardou antes de descer até a altitude mínima de espera, que é de 1.067 metros (3.500 pés). “A prática normal do comandante para uma aproximação direta seria fazer com que a aeronave descesse para cruzar o ponto de aproximação inicial a cerca de 5.000 pés e continuar descendo para o próximo ponto geográfico, chamado na aviação de 'waypoint', permanecendo acima da altitude mínima segura de segurança que é de 3.000 pés”, explicou o comissário-chefe do órgão australiano de investigação (ATSB), Angus Mitchell. Na sequência o avião desceu abaixo da altitude mínima segura para os dois primeiros segmentos da aproximação para a pista 33. À medida em que a aeronave descia em direção à altitude mínima os pilotos reconheceram sua baixa altitude e iniciaram outra aproximação. Quase ao mesmo tempo, o sistema de alerta de proximidade do solo da aeronave disparou um alerta. O ATSB descobriu que o comandante iniciou a segunda descida de aproximação mais cedo, não respeitando a altitude mínima. O copiloto não percebeu o erro de operação. Normalmente eles passariam mais alto da altitude mínima e fariam uma descida suave e constante, como demonstrado na primeira aproximação no gráfico. “O ATSB descobriu que, devido ao sono inadequado, ambos os tripulantes provavelmente estavam experimentando um nível de fadiga que afeta negativamente o desempenho”, acrescentou Mitchell. O ATSB também descobriu que as escalas de serviço da tripulação de voo da operadora eram irregulares e perturbavam os padrões de sono da tripulação de voo. O órgão destaca preocupações de segurança e tem como uma das suas prioridades a melhoria da gestão da fadiga. “Gerenciar a fadiga é uma responsabilidade compartilhada. Este incidente enfatiza a importância de os operadores fornecerem escalações previsíveis e estáveis para apoiar os pilotos a conseguirem um sono adequado”, concluiu o Sr. Mitchell.