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Luiz Fara Monteiro

Recorde de encomendas da Embraer é boa notícia mas tarifa de Trump é fator de incerteza

Para Daniel Nogueira, especialista da InvestSmart XP, tarifa imposta pelos EUA requer cautela

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Fabricante tem carteira de pedidos de US$ 29,7 bilhões Divulgação Embraer

A Embraer divulgou essa semana sua carteira de pedidos de US$ 29,7 bilhões, o que projeta um aumento de 40% em relação ao ano anterior e de 13% em comparação com o trimestre passado. O volume atinge o maior nível dos últimos oito anos. A notícia é ótima para a fabricante, mas não afasta a cautela que se deve ter, por conta das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, com implantação prevista para primeiro de agosto. Leia o artigo do Sales de Renda Variável da InvestSmart XP, Daniel Nogueira:

Embraer em foco: backlog recorde reforça fundamentos, mas tarifa dos EUA ainda é fator de incerteza


A Embraer entra na reta final de julho sob os holofotes do mercado. A fabricante brasileira de aeronaves anunciou um backlog (carteira de pedidos a entregar) recorde de US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025, o maior da história da companhia e um crescimento expressivo de 40% na comparação anual e 13% em relação ao trimestre anterior.

A alta foi puxada principalmente por pedidos no segmento de aviação comercial, com destaque para SkyWest e SAS (companhias aéreas dos EUA e Escandinávia respectivamente), além de um desempenho acima da média histórica na aviação executiva.


No entanto, o anúncio se mistura com preocupações geopolíticas: a possível imposição de uma tarifa de até 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, medida impulsionada pelo governo Trump, ainda paira como uma nuvem sobre as ações da empresa. Estima-se que cerca de metade da receita da Embraer tenha exposição direta ao mercado americano, o que tornaria a companhia uma das mais afetadas pela medida.

Os impactos de tarifas já existem, desde abril, está em vigor uma tarifa de 10% que afetou as margens da divisão de aviação executiva no 2T25, e o mercado já projeta os estragos que a possível nova tarifa, em Agosto, faria no balanço da empresa. Estamos falando de possíveis US$ 475 milhões de queda no lucro operacional antes de juros e impostos (EBIT) projetado para 2026, até -60% no lucro operacional estimado. A própria Embraer deve se pronunciar sobre os impactos em sua próxima divulgação de resultados, marcada para 5 de agosto.


Apesar disso, os fundamentos seguem robustos:

* A companhia entregou 61 aeronaves no 2T25, sendo 38 jatos executivos e 19 comerciais;


* O índice de relação entre novos pedidos e entregas realizadas (book-to-bill) atingiu 1,8x, sugerindo visibilidade saudável de receita para os próximos trimestres;

* Houve 120 novos pedidos líquidos, sem nenhum cancelamento no trimestre — mesmo com o ambiente global mais tenso.

No mercado, a visão dos analistas segue amplamente positiva. Segundo dados da Bloomberg, 81% das recomendações atuais são de compra para os recibos de ações negociados nos EUA (ADRs) da Embraer (ERJ), com preço-alvo médio de US$ 59,64, o que representa um potencial de valorização de mais de 22% em relação ao preço atual de US$ 48,85. Destacam-se diversas casas, que reforçaram suas recomendações de compra mesmo após o anúncio das tarifas, sinalizando confiança nos fundamentos de médio prazo da companhia. Instituições como JP Morgan, Goldman Sachs, Santander, Itaú BBA, Bradesco BBI e BTG Pactual mantêm recomendações de compra e/ou performance acima da média para o papel.

Daniel Nogueira, Sales de Renda Variável da InvestSmart XP Eduardo Pinto

Do lado da dívida, a percepção de risco também se elevou. Os títulos de dívida emitidos no exterior (bonds) da Embraer emitidos pela subsidiária na Holanda operam com com uma diferença bem relevante para os títulos livres de risco, como os do Tesouro dos EUA, quando comparamos com outras empresas do setor, evidenciando o desconforto de parte do mercado de crédito com o cenário tarifário.

Em resumo, a Embraer entra no segundo semestre com fundamentos operacionais sólidos, sustentados por demanda consistente em diversas divisões e expansão global. Contudo, o cenário político e comercial externo ainda exige atenção, acompanhar a forma como a companhia navegará pelos riscos impostos pelas tarifas, e as negociações entre EUA e Brasil.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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