Agricultura regenerativa garante eficiência e resiliência no Cerrado
Programa Regenera Cerrado mostra como práticas regenerativas melhoram o solo
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A agricultura regenerativa ajuda a manter a produtividade da soja mesmo em estiagens, mostram resultados do programa Regenera Cerrado.
Criado em 2022 e patrocinado pela Cargill, o programa acompanha 12 fazendas em Rio Verde, totalizando 7.841 hectares, e busca promover solos saudáveis e cultivo resiliente.
Fazendas em Goiás que adotam essas práticas alcançaram 69 sacas por hectare, acima das 66 sacas em áreas convencionais.
Em entrevista ao Mundo Agro, Letícia Kawanami, diretora de Sustentabilidade do Negócio Agrícola da Cargill para a América do Sul, Carmen Pires, pesquisadora da Embrapa, e Rubia Marques, pesquisadora do Instituto Federal Goiano, detalharam como o programa Regenera Cerrado tem promovido práticas de agricultura regenerativa.

Mundo Agro: Como a agricultura regenerativa pode contribuir para mitigar efeitos das mudanças climáticas no Cerrado?
Letícia Kawanami: A adoção de práticas de agricultura regenerativa, como uso de bioinsumo, plantas de cobertura, cultivo consorciado e plantio direto, entre outras, resulta na melhoria da saúde do solo e, consequentemente, na sua capacidade de desempenhar suas funções ecossistêmicas como a regulação climática, armazenamento de água, ciclagem de nutrientes e habitação de organismos, o que culmina numa capacidade de produção de alimentos e fibras mais eficiente e estável, inclusive em cenário climáticos desafiadores.
Portanto, tratar o solo como principal ativo do sistema de produção é o que torna esse modelo de produção tão eficaz e necessário para garantir a sustentabilidade ambiental, econômica, social e produtiva da agricultura brasileira.
Mundo Agro: Há estimativas de redução no uso de insumos químicos ou de sequestro de carbono nessas áreas?
Carmen Pires: Os dados de manejo das áreas foram sistematizados e observamos diferentes níveis de adoção de práticas de agricultura regenerativa entre as fazendas.
Em geral, os dados mostraram um incremento de diversidade e abundância de abelhas, que auxiliam a polinização, e de espécies de organismos importantes para o controle biológico de pragas da soja, nas áreas onde há o maior uso de bioinsumos, com a redução drástica de químicos. Estes bioinsumos são produtos usados para a fertilização do solo e manejo de pragas e doenças.
Mundo Agro: De que forma o programa ajuda a conciliar produção em larga escala com conservação ambiental?
Rubia Marques: No início do processo de transição para agricultura regenerativa, o que motiva o produtor a investir no cultivo regenerativo não é, necessariamente, ganho econômico. A diferença em produtividade, na comparação com o sistema convencional, pode ser compensada ou até se tornar negativa quando consideramos custos de produção.
Os benefícios da opção pela agricultura regenerativa são agronômicos, proporcionados pela melhoria da saúde do solo e a eficiência do agroecossistema produtivo. O custo de produção é reduzido ao longo dos anos, à medida que o solo vai se regenerando, e a dependência de insumos sintéticos diminui. Esse resultado também representa um bom indício da resiliência produtiva de sistemas que adotam práticas de agricultura regenerativa.
Em anos de adversidade climática, estes sistemas sofrem menos danos e tendem a apresentar desempenho melhor do que áreas de agricultura convencional, com maior produtividade e rentabilidade numa perspectiva de médio/longo prazo.
Mundo Agro: Há previsão de ampliar o Regenera Cerrado para outras regiões do Brasil?
Letícia Kawanami: O conteúdo gerado e publicado no âmbito do Regenera Cerrado oferece ao setor uma base técnica validada, capaz de chancelar práticas regenerativas replicáveis associadas à melhoria em indicadores de desempenho mensuráveis. Ao reunir resultados de pesquisas de campo, esses materiais fornecem parâmetros objetivos que podem ajudar produtores e empresas a planejar, implementar e monitorar suas ações de forma mais assertiva.
Um exemplo concreto é o estudo com as abelhas, que registrou um aumento significativo de espécies que nidificam no solo em áreas manejadas com práticas regenerativas, evidenciando os benefícios diretos para a biodiversidade, e oferecendo uma métrica clara que sustenta a adoção dessas práticas.
Assim, o conhecimento científico complementa e fortalece a experiência prática dos agricultores, permitindo que a agricultura regenerativa deixe de ser apenas intuitiva e passe a ser sustentada por evidências técnicas, métricas de desempenho e resultados comprovados.
✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp














