Juros elevados pressionam agronegócio e ameaçam sustentabilidade de produtores
Especialista alerta que Selic alta e crédito rural restrito aumentam risco de insolvência e dificultam investimentos no setor
A manutenção da taxa Selic em níveis elevados pelo Banco Central para controlar a inflação tem impactos diretos no agronegócio, setor que responde por cerca de 30% do PIB brasileiro.
Dados da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul(Farsul) apontam que, no primeiro trimestre da safra 2025/26, os recursos destinados ao custeio recuaram 23% e os investimentos caíram 44% em relação ao ciclo anterior.
Segundo Lando Bottosso, advogado especializado em direito agrário e financeiro, a combinação de juros altos e escassez de crédito cria uma falsa sensação de estabilidade.
“O produtor rural, na tentativa de manter sua atividade, busca prorrogar dívidas e renegociar contratos financeiros, em sua maioria vinculados à alienação fiduciária, na esperança de uma melhora nos preços das commodities. Contudo, essa estratégia pode levar à insolvência de muitos produtores”, disse Lando.
Ele destaca que a retração do crédito rural e o aumento da inadimplência — que em algumas regiões já supera 5% — elevam o risco de colapso de produtores com histórico de financiamento. Ele recomenda que pequenos e médios agricultores avaliem contratos e renegociações junto a consultores ou advogados, considerando a capacidade real de pagamento e alternativas como cooperativas ou linhas de crédito com juros moderados.
“A saúde financeira de produtores e o desempenho do setor dependem de estratégias ativas, estrutura adequada e condições de crédito compatíveis com a nova realidade dos mercados e dos custos elevados”, concluiu Lando.
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