‘Precisamos desmistificar a ideia de que cachaça é só caipirinha’
Conheça Laura Vicentini, a voz da cachaça paulista

A cachaça brasileira vai muito além da caipirinha, sem dúvida nenhuma. Aos poucos, vou desvendando esse setor que até então não conhecia. Para a minha surpresa, o Brasil possui a única cachaça sustentável do mundo. E sabe de quem foi a ideia? De uma mulher do agro.
A espetacular Laura Vicentini, presidente da Câmara Setorial da Cachaça Paulista, é sócia e criadora da Spinagro, empresa de mudas de cana-de-açúcar, e da Sô Zé, uma cachaça produzida de forma 100% sustentável. Sim, o que antes seria descartado ou destinado à ração animal, virou cachaça.

O bate-papo com a Laura foi pra lá de especial. Ela falou sobre o lançamento das Rotas da Cachaça, a valorização das produções regionais, o trabalho das famílias produtoras e o fortalecimento da imagem da cachaça paulista como produto premium, sustentável e reconhecido no Brasil e no exterior.
Mundo Agro: Laura, as Rotas da Cachaça finalmente saíram do papel. O que esse lançamento representa para você e para o setor?
Laura Vicentini: É exatamente isso: saiu do papel. É um sonho que se realiza. São produtores abrindo suas porteiras, abrindo as portas das suas produções e indústrias. A agroindústria paulista mostra tudo o que faz com muito amor, mas também com muita qualidade e empenho. O mais importante da Rota é trazer tudo isso para a nossa região, conectando produtos, histórias e pessoas.

Mundo Agro: Como as Rotas da Cachaça contribuem para o turismo e a valorização regional?
Laura Vicentini: A Rota permite que a cachaça harmonize com o queijo da própria região, com a charcutaria, com a promoção da agricultura sustentável. São fazendas que têm licenciamento correto e dão destino adequado aos resíduos da propriedade. Isso é fantástico, porque mostramos um modelo de produção responsável e integrada ao território.
Mundo Agro: Qual é a importância de aproximar o consumidor da origem do produto?
Laura Vicentini: A Rota vem muito dessa vontade de mostrar ao consumidor que o produto que ele encontra na prateleira levou tempo para ser feito, colhido e elaborado. Existe muito trabalho, empenho e muitas pessoas envolvidas nesse processo. Essa conexão com a origem faz toda a diferença.
Mundo Agro: Você também participou do concurso da cachaça paulista. Como foi essa experiência?
Laura Vicentini: No primeiro concurso, estivemos presentes e ganhamos a Prata Paulista. No segundo, eu estava com o mesmo lote, mas grávida e depois com um bebê de quatro meses, então acabei não enviando minha cachaça. Mesmo assim, fiquei com o coração cheio de gratidão pelos meus amigos produtores, que levam o nome da Cachaça Paulista para outros estados e também para o mundo.

Mundo Agro: O evento também abriu portas para o mercado internacional. Como você vê essas oportunidades?
Laura Vicentini: Conversei com a cônsul-geral de Taiwan em SP, que achou o evento muito bacana. Falamos sobre oportunidades de negócios e de levar a nossa cachaça para lá. Esse tipo de evento gera networking e recebe pessoas de países asiáticos, europeus e de várias partes do mundo, que acabam levando nossa história e nosso produto brasileiro para fora.
Mundo Agro: E sobre o mercado interno e externo, como está esse crescimento?
Laura Vicentini: Até dezembro de 2024, a nossa cachaça era voltada especificamente para exportação. Em 2025, iniciamos o mercado interno e houve um crescimento muito grande. O consumidor gosta de saber a história da cachaça, de provar, de entender a origem. No Brasil, o consumidor está cada vez mais interessado em conhecer tudo sobre o produto, e lá fora a cachaça representa o Brasil.
Mundo Agro: Ainda existe uma visão limitada sobre a cachaça. Como você enxerga isso?
Laura Vicentini: Precisamos desmistificar a ideia de que cachaça é só caipirinha. A cachaça é muito mais do que isso. Somos rabo de galo, somos cachaças envelhecidas em madeiras brasileiras, somos cachaças premium. Temos desde a prata, base para a coquetelaria, até produtos de altíssima qualidade para degustação.
Mundo Agro: Para finalizar, se você pudesse resumir em uma palavra o que a cachaça representa para você, qual seria?
Laura Vicentini: Orgulho. Muito orgulho.
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