Os novos pilares da soja brasileira
Sustentabilidade e rastreabilidade mostram que é possível conciliar produção e responsabilidade ambiental

Com quase 99% da soja verificada como livre de desmatamento, a CJ Selecta tem adotado uma postura clara: sustentabilidade não é discurso, é estratégia de negócio.
Produtora brasileira de concentrado proteico de soja (SPC) e derivados, a empresa ganhou destaque em uma publicação internacional do WWF ao ser apontada como referência em cadeias de suprimentos livres de desmatamento.
Nesta entrevista ao Mundo Agro, Alessandro Reis, CEO da companhia, e Patrícia Sugui, Head de ESG e Comunicação, explicam como governança, tecnologia e decisões estratégicas vêm redefinindo o papel da indústria na cadeia da soja e ampliando o acesso a mercados mais exigentes.

Mundo Agro: O que motivou a CJ Selecta a adotar um compromisso alinhado ao Accountability Framework Initiative (AFi)?
Alessandro Reis: A CJ Selecta decidiu alinhar sua política de originação aos princípios do AFi porque entende que sustentabilidade não é um atributo complementar, mas um diferencial competitivo essencial para o futuro da cadeia da soja. O AFi oferece uma referência clara e internacionalmente reconhecida para compromissos de desmatamento e conversão zero, garantindo padronização, transparência e rigor técnico.
Mundo Agro: Quais foram os principais marcos históricos na trajetória de sustentabilidade da empresa?
Alessandro Reis: Nossa trajetória inclui avanços estruturantes, como a implementação de um sistema robusto de rastreabilidade direta e indireta, integração entre ESG, Originação e Vendas, bloqueio permanente de fornecedores irregulares, auditorias externas recorrentes e o reconhecimento recente do WWF, que posiciona a CJ Selecta como referência global em cadeias livres de desmatamento.
Mundo Agro: Como a estrutura organizacional da CJ Selecta facilita a implementação da política DCF?
Alessandro Reis: Integramos Originação, ESG e Vendas para garantir decisões rápidas, coerentes e alinhadas à estratégia de negócio. Esse modelo evita silos, fortalece a governança e assegura que o tema esteja no centro da agenda da alta liderança.
Mundo Agro: Quais são os principais desafios para engajar fornecedores indiretos no processo DCF?
Alessandro Reis: Fornecedores indiretos possuem estruturas e níveis de maturidade distintos, o que dificulta a rastreabilidade. Ainda assim, temos investido fortemente em engajamento e suporte para avançar com esses parceiros.
Mundo Agro: O que explica a redução de 49 para 9 fornecedores indiretos entre 2022 e 2024?
Alessandro Reis: Essa redução reflete o aumento do rigor socioambiental e a exigência de rastreabilidade completa. Optamos por manter apenas parceiros que demonstraram compromisso real com práticas DCF.
Mundo Agro: Que incentivos a CJ Selecta oferece para que fornecedores implementem rastreabilidade e adequações socioambientais?
Alessandro Reis: Oferecemos suporte técnico, previsibilidade comercial e priorização na originação para fornecedores alinhados aos critérios DCF. Nosso objetivo é construir uma cadeia sólida e de longo prazo.
Mundo Agro: O salto de 87,4% para 97,4% de soja vDCF mostra que é possível?
Alessandro Reis: Sim. Em 2024, já estamos próximos de 99%. Isso mostra que, com governança e tecnologia, é possível avançar de forma acelerada e consistente.
Mundo Agro: Como a CJ Selecta avalia o impacto de suas ações no mercado?
Alessandro Reis: Nossas práticas elevam o padrão da cadeia, ampliam a oferta de soja DCF e fortalecem a credibilidade do Brasil nos mercados mais exigentes.
Mundo Agro: Por que é difícil engajar outras traders e gerar ação coordenada no território?
Alessandro Reis: Os níveis de maturidade e as estratégias comerciais variam entre empresas. Ainda assim, a pressão internacional tem acelerado a convergência.
Mundo Agro: Como a empresa enxerga a pressão global por alimentos sem desmatamento e a desinformação sobre o tema?
Alessandro Reis: Acreditamos que é possível conciliar produção e proteção ambiental. Transparência é a chave para combater desinformação e fortalecer a confiança internacional.
Mundo Agro: Como funciona o sistema de rastreabilidade e monitoramento socioambiental da CJ Selecta?
Patrícia Sugui: O sistema combina rastreabilidade completa da cadeia direta e indireta com geomonitoramento diário. Monitoramos cada fazenda fornecedora e toda a jornada da carga, garantindo conformidade com padrões internacionais como AFi e EUDR.
Mundo Agro: Por que o CAR é indispensável no processo de due diligence socioambiental?
Patrícia Sugui: O CAR permite identificar os limites reais da propriedade e cruzar dados com bases de desmatamento, áreas protegidas e embargos, sendo essencial para a precisão da análise socioambiental.
Mundo Agro: Como o sistema integra SAP, geomonitoramento e auditorias externas?
Patrícia Sugui: Os dados de compra e origem são centralizados no SAP e cruzados automaticamente com ferramentas de geomonitoramento. Todo o processo é auditado periodicamente por empresas independentes.
Mundo Agro: Como a empresa garante o bloqueio de fornecedores irregulares em tempo real?
Patrícia Sugui: Alertas automáticos identificam riscos e bloqueiam imediatamente o fornecedor no SAP, impedindo qualquer nova compra ou entrada de carga.
Mundo Agro: Como funciona a auditoria externa feita pela Value Chain e pela Control Union?
Patrícia Sugui: As auditorias revisam todo o fluxo de originação, rastreabilidade e critérios socioambientais, validando a consistência técnica e a aderência aos protocolos.
Mundo Agro: Como o programa Green Refinery tem contribuído para aumentar a rastreabilidade?
Patrícia Sugui: O programa amplia o controle da soja industrializada, garantindo que o óleo refinado seja zero desmatamento e fortalecendo a rastreabilidade além do balanço de massa.
Mundo Agro: Como a falta de dados públicos atualizados impacta os compromissos DCF?
Patrícia Sugui: A ausência de CAR validado e inconsistências em bases públicas aumentam o esforço de due diligence, exigindo sistemas e auditorias mais robustos.
Mundo Agro: Em que medida a logística brasileira prejudica a rastreabilidade?
Patrícia Sugui: A armazenagem conjunta e a falta de segregação física criam desafios, especialmente com fornecedores indiretos. Por isso, investimos em sistemas e engajamento para mitigar esses riscos.
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