Reciclagem em xeque: desafios e perspectivas para o futuro do setor no Brasil
Para Rui Katsuno, incentivos e união do setor são essenciais para garantir sustentabilidade e crescimento

Com mais de 35 anos de experiência no setor de transformação de materiais recicláveis, Rui Katsuno é referência nacional em economia circular.
Fundador do Instituto Soul do Plástico, ele comenta nesta entrevista os riscos de retrocesso ambiental em função da desorganização da cadeia de reciclagem, a importância da desoneração fiscal para o setor e a necessidade urgente de conscientização e políticas públicas efetivas.
Mundo Agro: Há risco de retrocesso ambiental diante de uma possível desorganização da cadeia de reciclagem?
Rui Katsuno: Isso sempre está em jogo, com a entrada ou saída de recicláveis.
Mundo Agro: Como a economia circular pode atuar como um mecanismo de proteção à indústria nacional em momentos de instabilidade geopolítica e econômica?
Rui Katsuno: A partir do momento que os recicláveis não são mais custo para o Estado e geram empregos, o movimento da economia é reflexo, por isso estamos trabalhando junto ao poder público para que consigamos algum tipo de desoneração para a cadeia de reciclagem.
Mundo Agro: Que tipo de políticas públicas o senhor considera urgentes para fortalecer a reciclagem e garantir competitividade à indústria brasileira?
Rui Katsuno: A redução de alíquotas de impostos para quem recicla, vou além: a desoneração seria o ideal. Se esses produtos recicláveis não receberem o devido respeito e o valor compensatório pela venda, vão parar direto no aterro, gerando custos cada vez mais altos para o Estado brasileiro.
Mundo Agro: O que falta para que a reciclagem seja tratada como um eixo estratégico no desenvolvimento industrial e ambiental do país?
Rui Katsuno: Conscientização de todas as classes, campanhas em massa para que entendam do que se trata a economia circular. Tem muita gente fazendo várias coisas erradas, achando que está salvando o planeta.
Mundo Agro: Quais são as perspectivas para o setor de reciclagem nos próximos 5 anos, considerando o cenário global atual?
Rui Katsuno: O setor está em crescimento e deve aumentar o volume na medida em que os processos vão ficando mais estáveis, com equipamentos e técnicas cada vez mais apuradas, mas precisa de estímulos.
Mundo Agro: O senhor acredita que a crise atual pode acelerar uma mudança estrutural no setor ou há risco de paralisação e retrocesso?
Rui Katsuno: Acredito que tudo dependerá do cenário que se consolidar nos próximos meses. Existe, sim, o risco de retrocesso ou até mesmo de uma paralisação em algumas frentes, especialmente se decisões importantes forem conduzidas com base em interesses pessoais ou disputas de ego. No entanto, mantemos a confiança de que é possível superar esse momento — desde que o bom senso e o compromisso com o que a nação realmente precisa estejam acima das vaidades individuais. Se houver união e foco no coletivo, essa crise pode, inclusive, acelerar mudanças estruturais importantes para o setor.
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