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‘Brasil tornou-se narco-Estado’, diz juiz que investiga policiais delatados por Gritzbach

Blog teve acesso à decisão para prender oito suspeitos de integrarem o PCC e terem ligação com a morte do delator Vinicius Gritzbach

Natália Martins|Natália MartinsOpens in new window

Caso Vinicius Gritzbach Reprodução/RECORD

Em 16 páginas, o juiz Paulo Fernando Deroma de Mello resume a participação de oito investigados na morte de Vinicius Gritzbach, delator do PCC. Deroma determinou as prisões temporárias cumpridas na terça-feira (17) e afirmou: “Caso os elementos colhidos até o momento sejam confirmados na investigação em curso, pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que o Brasil tornou-se um narco-Estado.”

Dos oito presos, quatro são policiais do estado de São Paulo. Um deles, um delegado da Polícia Civil.

No relatório, o juiz afirma que o delegado Fábio Baena Martin é mencionado diversas vezes na delação premiada feita por Gritzbach e que estaria envolvido na subtração de diversos relógios de luxo.

Aponta ainda uma conversa, levantada pelo Ministério Público, em que Baena teria afirmado que ajudaria Gritzbach, e que não esqueceria dele.


Vinicius Gritzbach tinha um acordo de delação premiada com o Ministério Público e com a Justiça de São Paulo e foi assassinado dia 8 de novembro, quando desembarcou no aeroporto de Guarulhos.

O delegado seria ainda investigado em outros procedimentos ligados à corrupção de policiais e pelo cometimento de “crimes gravíssimos”.


Sem medo de ser preso

O juiz afirmou Baena estaria ligado também à apropriação de um sítio com o investigado Eduardo Monteiro e que teria recebido propina para livrar outros criminosos perigosos do PCC de eventuais investigações.

Eduardo Monteiro é outro policial civil preso na operação de terça-feira. Segundo a decisão do juiz, o investigador não teria medo de ser punido, uma vez que tem uma tia na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.


No relatório, segundo o magistrado, existem mensagens telefônicas do investigado falando sobre relógios do delator Vinicius Gritzbach e também indícios de que Eduardo Monteiro extorquia membros do PCC em troca de não investigar homicídios cometidos por eles.

Por fim, o juiz destaca uma conversa grampeada pelo Ministério Público em que o próprio Monteiro afirma que se alguém analisasse o Coaf, ele seria preso.

Além do delegado Baena e do policial Eduardo Monteiro, outros dois investigadores de polícia foram presos. São Marcelo Marques de Souza e Marcelo Ruggieri. Ambos teriam movimentações financeiras incompatíveis com os salários de policiais e agiriam, segundo o relatório, em proximidade a criminosos conhecidos do PCC.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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