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Natália Martins|Chefe da Abin é convocado para se explicar sobre espionagem de autoridades paraguaias acerca da energia de Itaipu

Chefe da Abin é convocado para se explicar sobre espionagem de autoridades paraguaias acerca da energia de Itaipu

Planejamento da operação teria sido feito ainda durante o governo de Jair Bolsonaro, mas foi confirmada pelo atual chefe da agência

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O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Luiz Fernando Corrêa já começou a semana cancelando um compromisso quase obrigatório. A reunião de diretores da agência acontece sempre às segundas-feiras, às 10h. Mas, logo cedo, Corrêa recebeu uma ligação do Palácio do Planalto para dar explicações. O diretor-geral acabou de chegar da Austrália sob mais um escândalo. Dessa vez, diplomático.

A Agência Brasileira de Inteligência teria feito uma operação de intrusão a computadores de autoridades paraguaias para obter informações sobre os planos do governo paraguaio para o “Anexo C” da usina de Itaipu.

O Anexo C é o tratado que está em construção entre os dois países para definir a remuneração da empresa por MW/h. O tratado entre Brasil e Paraguai tinha duração de 50 anos e venceu em 2023. Segundo fontes, para o Brasil “é interessante reduzir tarifas, mas para o Paraguai é interessante aumentar essas tarifas, já que eles subsidiam muitas políticas através do custo da empresa”.

Fontes da usina, com quem o blog conversou, negaram ter tido qualquer acesso privilegiado a informações supostamente levantadas pela Abin.


Já fontes da Abin, afirmam que o monitoramento de outros países para ações de mercado é uma prática dentro do escopo da função da agência, o que também é feito por outros países. Mas, “o vazamento da PF sobre o caso traz comprometimento diplomático”.

O planejamento da operação de inteligência foi feito ainda durante o governo de Jair Bolsonaro, mas foi confirmada pelo atual chefe da Abin.


A investigação começou em cima da ferramenta de geolocalização First Mile, apontada pela PF como ferramenta utilizada para espionar inimigos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma busca e apreensão realizada na sede da agência, no começo de 2024, foram descobertas outras ferramentas de intrusão que estariam sendo utilizadas ilegalmente pela Abin.

Segundo a investigação da Polícia Federal, a ferramenta Cobalt Strike teria sido utilizada na invasão de computadores paraguaios para captar dados dos valores sobre a venda de energia produzida por Itaipu.


Em nota oficial, o governo afirma que “desmente categoricamente” qualquer ação de inteligência “contra o Paraguai”, país “com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria”.

“A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”, completa o comunicado do governo.

Atividades que envolvem hackeamento e invasão de dispositivos eletrônicos fogem à competência constitucional da agência.

A legislação define que os espiões da Abin não podem usar documento falso, não podem fazer interceptação telefônica, não podem se infiltrar, nem entrar em locais suspeitos, não podem realizar ataques cibernéticos e operações no exterior precisam de relatórios de justificativa e autorização, assim como a proteção de seus nomes ser relativa.

O blog procurou a Abin, a Casa Civil — a quem a Abin é subordinada — e o Itamaraty para informações oficiais sobre o caso, mas ainda não obteve resposta.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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