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Ex-diretor preso pela PF lucraria R$ 27 milhões em exploração de minério, afirma relatório policial

Documento, ao qual o blog teve acesso, aponta que grupo criminoso se utilizava da influência do delegado para proteger os negócios ilícitos e pagaria com participação societária

Natália Martins|Natália MartinsOpens in new window

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Delegado Rodrigo de Melo Teixeira durante palestra
Delegado Rodrigo de Melo Teixeira durante palestra

Segundo investigação da própria Polícia Federal, o delegado Federal Rodrigo de Melo Teixeira, ex-número 3 na hierarquia da corporação, lucraria R$ 27.132.000,00 com a exploração de minério de ferro. Teixeira foi preso nesta quarta-feira (17) em Belo Horizonte.

A investigação aponta que a associação criminosa se juntou para conseguir autorizações sem os estudos necessários, corrompendo agentes públicos e blindando o esquema. No avançar da investigação da PF, o nome de Teixeira apareceu e ele foi exonerado do cargo.


A empresa da qual Rodrigo Teixeira era sócio oculto, segundo a investigação, era a Gmais Sustentatiblidade. A esposa do delegado, Daniela Wandeck Teixeira, aparece no quadro societário da empresa com Luiz Fernando Vilela Leite, esposo de Gilberto Carvalho, empresário investigado como um dos organizadores do esquema.

Documento com conversas dos envolvidos Reprodução

Segundo a investigação, a formação de uma SPE (sociedade de propósito específico) entre a Gmais e a empresa Contemporânea (atual Minerar), investigadas no caso, estabelece valores para os sócios.


A participação da empresa de Teixeira, no entanto, não custou nada ao delegado. No documento ficou estabelecido que a integralização da sociedade seria feita “por meio da transferência de seu know-how expertise técnica à SPE”.

A interpretação é que o know-how, expressão em inglês para “conhecimento”, um tipo de consultoria seria prestada pela parte de Teixeira. Conversas em aplicativos de mensagens comprovariam o uso da influência do delegado para blindar o grupo.


Nos dias 4 e 5 de janeiro de 2023, Gilberto Carvalho e João Alberto Lages, os dois empresários investigados como organizadores do esquema conversam sobre a nova função de Rodrigo como diretor de Polícia Administrativa da PF: “O Rodrigo Teixeira já tá lá. Já tá mandando e desmandando lá na PF. Já tá reorganizando tudo lá dentro”.

Pedido de ajuda por conta de uma operação anterior Reprodução

Prossegue demonstrando interesse quanto às indicações do governo federal para Minas Gerais, sobretudo nas áreas que pudessem impactar a área de mineração e comentam sobre a indicação que pudesse controlar investigações da PF no estado. Gilberto fala da possibilidade de João Alberto Lages sugerir um nome para assumir a Superintendência da PF em Minas Gerais de forma a não complicar “a vida da mineração feio”.


“Então, vocês têm que dar uma olhada mesmo nessas nomeações, viu? Porque senão vai complicar a vida da mineração feio. O Rodrigo, ele tá analisando ainda os cargos, sabe? Ele ainda não tem um nome certo para cá, não. Ele tá avaliando ainda, olhando alguns amigos dele, mas ainda não bateu o martelo não. Seria interessante depois bater um papo com ele, né? Se tiver alguém para indicar, bacana.”

Utilização do aparato da PF em benefício próprio

O relatório policial aponta ainda que o delegado Federal Rodrigo Teixeira teria utilizado o cargo para induzir investigação sobre grupo concorrente ao de seus aliados. “A diligência realizada na empresa concorrente, em março de 2022, ocorreu sem respaldo formal em procedimento investigativo previamente instaurado e em desconformidade com os protocolos formais da Polícia Federal.”

Em apuração, a polícia descobriu que a ordem partiu de Teixeira. O relatório aponta ainda indícios de ingerência de Teixeira no inquérito Poeira Vermelha, para a troca do delegado Frederico Levindo, que apurava fatos relativos a crimes ambientais na área de mineração no estado.

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