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Arábia Saudita: saiba o que está por trás da nova imagem do país

Príncipe herdeiro se encontra com presidente Trump, busca modernizar imagem, mas ao mesmo tempo teme crescimento da Irmandade Muçulmana

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Bin Salman dá a impressão de buscar a modernização do país
Bin Salman dá a impressão de buscar a modernização do país

Ao mesmo tempo que o simpático Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, tenta mostrar uma face mais moderada ao mundo, ele mantém uma postura bélica em relação ao Iêmen.

E busca expandir os interesses de seu país dentro do Oriente Médio, em permanente tensão com o Irã pela hegemonia da região. Essa é a nova dupla face de um governo, cujo objetivo é mostrar apenas uma delas, a mais palatável, para o mundo.

Jovem, de 32 anos, perfil de playboy, Bin Salman dá a impressão de buscar a modernização do país. Já é um passo, mas que pode ser apenas um jogo de cena se outros não vierem em seguida.

Em 2017, ele idealizou um movimento anticorrupção, no qual foram presos vários personagens do alto escalão acusados de práticas ilícitas.


Ele também prosseguiu na flexibilização de leis que restringiam os direitos das mullheres. Agora elas também já podem dirigir e ter carteira de motorista. Em fevereiro último, Tamadur bint Youssef al-Ramah se tornou vice-ministra do Trabalho, função de alto escalão rara no atual modelo saudita.

A abertura para as mulheres, porém, não é novidade. Mas está sendo "vendida" como. Ela vem ocorrendo de forma lenta, desde 2001. A ânsia em impor uma nova imagem, por trás dessas iniciativas do novo governante, tem gerado muitos questionamentos.


É ele, afinal, quem governa efetivamente, tendo sido indicado pelo pai, Salman bin Abdulaziz Al Saud, como príncipe herdeiro ao trono em junho de 2017, acumulando agora os cargos de vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa.

E para divulgar essa nova faceta da Arábia Saudita, as viagens têm sido uma marca de Bin Salman. Ele se reuniu no início do mês com a primeira-ministra Theresa May, do Reino Unido, e teve encontro com a Rainha Elizabeth, em Londres.


Nesta terça-feira (20), se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington. A relação entre ambos os países é antiga, desde 1933, vinculada ao petróleo e à venda de armas.

O Estados Unidos, na maior parte do tempo, fizeram vistas grossas a algumas posturas do governo wahabita da Arábia Saudita. Que continuam a prevalecer neste momento, provocando os questionamentos.

No Iêmen, por exemplo, a Arábia Saudita é acusada de impedir ajuda humanitária e de organizar torturas de prisioneiros, na guerra na qual defende o governo local, contra os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã.

Internamente, a rígida legislação continua intacta, com exceções dessas aberturas para as mulheres, que, por sinal, ainda não sinalizam para uma diminuição do poder em torno do monarca. Nem para o arrefecimento de uma brutal ditadura. A pena de morte ainda é usada com frequência, com sentenças que ordenam a decapitação de cidadãos acusados de blasfêmia, feitiçaria, adultério e homossexualismo.

Contrário à Primavera Árabe, o governo saudita, ainda sob o comando de Al Saud, apoiou a repressão de protestos xiitas em países como o Bahrein. E passou a ter uma grande preocupação com a ascensão da Irmandade Muçulmana ao poder na região.

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Este, na verdade, é um temor igual ou até maior do que em relação ao Irã. A Irmandade Muçulmana, apesar de radical islâmica, acabou por defender eleições livres, a passagem de poder e a autonomia dos órgãos diretivos na formulação de leis. 

E o governo de Bin Salman, neste momento, está manobrando junto ao Ocidente para angariar a simpatia e investimentos e, na verdade, se fortalecer diante da ameaça da Irmandade Muçulmana, que já tem presença em vários países da região. A Arábia Saudita, desde 1932, é governada por uma única família.

E com toda essa propaganda, o governo saudita conseguiu deixar alguns supresos, com essa nova aparência progressista. Mas tudo tem um limite. A estratégia é dar os aneis para não perder os dedos. Isto porque, na hora em que Trump for conversar com Bin Salman sobre democracia, o governante árabe já tem uma resposta pronta, bem jovial: Só que não.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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