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Até onde vai a disputa entre Cristiano Ronaldo e Messi?

Após os três gols de Cristiano Ronaldo contra o Atlético de Madrid, ficou mais claro que quando um atinge uma marca, o outro tenta superar

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Cristiano Ronaldo e Messi são as sensações do futebol no momento
Cristiano Ronaldo e Messi são as sensações do futebol no momento

As imagens vêm em fragmentos em sua mente. Garrincha driblando pela direita, o rosto suado, obstinado, olhando para a bola, com o olhar revelando a essência do jogador, naquele momento eterno. Ele ergue lentamente a cabeça, uma gota de suor despenca.

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Garrincha parece dar um sorriso, como se falasse com o destino, antes de cruzar. A cena se apaga e então ele vê Garrincha pulando ao lado dos outros, comemorando o gol, como se estivesse no pátio do jardim de infância.

Há outras cenas. Há a de Pelé driblando quatro jogadores, deslizando por entre carrinhos adversários e tocando na saída do goleiro.


Há a do Rei recebendo, em câmera lenta, chapelando como se brincasse de embaixadinhas com os colegas, antes de finalizar. Há cenas desses craques que desbravaram o terreno para que outros, posteriormente, se consagrassem em uma outra época.

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Então o homem acorda, se levanta, coloca o chinelo e já se olha no espelho, percebendo a barba rala, as rugas e as olheiras de um rosto que já não é mais de criança.


O sopro do tempo na sua nuca ainda sussura a voz de Darcy Reis, Oduvaldo Cozzi, Jorge Curi, Waldyr Amaral, Geraldo José de Almeida, Fiori Giglioti, Osmar Santos e outros espectros do tempo e seus bordões, revelando uma época que ele ainda tenta encontrar nas brechas do dia-a-dia: "O relógio marca...Ripa na Chulipa...Abrem-se as cortinas..."

No rádio, eles são passado. Assim como o Trabuco e, recentemente, Boechat. Ele então liga a TV, no canal fechado, e ouve a notícia de que Cristiano Ronaldo fez três gols e classificou a Juventus contra o Atlético de Madrid, após perder o primeiro jogo por 2 a 0.


Fica impressionado. Não pelos três gols. Mas porque Cristiano Ronaldo entrou em campo com a certeza de que os faria. Até prometeu. "Que força mental impressionante...", diz para si.

Cristiano se lançou como um animal no cio, obcecado até que os conseguisse. Usou seu corpo avantajado para se esgarçar no campo, se sobrepor em piques, saltos, verdadeiras cavalgadas.

Poucos dias antes, Messi, mais baixinho e discreto, se agigantou pelas quatro linhas, fazendo delas um parque de diversões. E se esbanjou com corridas repentinas, mudanças de direção insinuantes, desenhos de seus caminhos pelos campos, até chegar aos três gols contra o Sevilha, que fizeram o UOL dizer que o argentino jogou "no modo ET".

E um dia depois de Cristiano levar a Juve às quartas, Messi novamente deu show, fazendo dois gols diante do Lyon.

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Enquanto tomava o café da manhã, o homem ouvia a voz do apresentador discorrer sobre as manchetes relativas a Cristiano Ronaldo: "Fenomenal, monstruoso, lenda..." As mesmas palavras haviam sido dedicadas a Messi dias antes e após o jogo contra o Lyon.

Uma competição velada, como no salto tripo olímpico, se instalou desde o início dos anos 2000 entre ambos. Quando um atinge uma marca, o outro tenta superar. Até onde vai essa disputa entre Cristiano Ronaldo e Messi?

Ele sai e vê o mundo moderno à sua frente. As SUVs substituem o bonde e os calambeques dos anos 50. Os pedestres e motoristas têm mais pressa, atiçados pelo WhatsApp.

Entra no Uber e lê as notícias no iPhone. A principal de esportes fala sobre Cristiano Ronaldo. Nada de Garrincha, nada de Pelé. Ele chega ao escritório, conduzido na viagem entre passado e presente.

Em um dia, fica sabendo que Roberto Avallone morreu. Aquele, colunista do JT que ele lia na adolescência, trazido por seu pai à noite. Em outro, foi-se Coutinho, parceiro de Pelé. Em seguida, Eurico Miranda, que repatriou o ídolo Roberto e era a pura paixão por seu clube. Polêmico, mas folclórico.

E enquanto a fase áurea do futebol brasileiro vai ficando para trás, ele aprende a se conformar com Messi e Cristiano Ronaldo. Rende-se e os admira, com prazer. Mas das lembranças, ele nunca vai abrir mão. São elas, afinal, que, neste mundo impressionante e estranho, o ajudam a não se sentir tão só.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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