Brincando na casa do maior rival
Naquela visita ao Palmeiras, o menino corintiano contou que também ficou jogando bola nas quadras do Poli, tendo sido bem recebido
Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7
Uma vez, um amigo meu da escola entrou correndo na classe, logo na primeira aula. Sentou na carteira à frente da minha. Colocou a mala no chão, tirou o estojo e, antes do professor iniciar, se virou para mim e sussurrou, em tom de júbilo.
Leia mais: Palmeiras visita campos sintéticos, e mudança no Allianz ganha força
"Ontem eu fui no Palmeiras com a camisa do Corinthians! Foi muito legal, as pessoas ficavam brincando comigo, falando para eu pensar melhor e mudar logo de time. O Parque Antártica é muito legal, tem uma piscina grande com um tobogã", se gabou.
Eu lembro da camisa dele. Era a listrada, preta, com um distintivo bordado, bem ao estilo dos anos 70. Jogávamos futebol frequentemente e era a sua preferida.
Naquela visita ao Palmeiras, ele contou que também ficou batendo bola nas quadras do Poli. E foi muito bem recebido, nem levaram tão a sério a sua vestimenta.
Leia mais: Corinthians aposta em conciliação com a Caixa em audiência no dia 29
Inspirado na iniciativa, outro amigo resolveu fazer o mesmo no Parque São Jorge. Pediu para o pai levá-lo até lá com a camisa do Palmeiras, em um sábado de manhã. Acompanhou, do alambrado, o treino do Corinthians, com Sócrates e cia.
Era mais um recreativo. Tanto que Sócrates e Zenon, os craques do time, estavam jogando de goleiro. Ele me contou que chegou próximo do gol e, da grade, perguntou para o Sócrates o porquê dele não estar jogando na linha.
O "Doutor", bem-humorado, respondeu que sempre admirou essa posição e que era divertido ficar lá observando os outros. Nem levou em conta a camisa que o menino vestia. Depois, o garoto pediu autógrafos e até hoje os guarda em um papel já amarelado.
Mais de trinta anos depois, essas histórias parecem surreais. E que ninguém me pergunte o nome dos meus dois amigos, com quem tenho contato até hoje. Faço questão de mantê-los anônimos. Não sou louco.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.