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CBF tem o dever de se pronunciar sobre a Copa América no Brasil

Entidade participou da definição do País como sede da competição em meio à pandemia, assunto de interesse público

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Tite foi o único que falou até este momento
Tite foi o único que falou até este momento

No início da pandemia, em abril de 2020, a CBF fez questão de divulgar sua campanha "Seleção Solidária", na qual os jogadores da seleção brasileira que haviam sido convocados recentemente doaram R$ 5 milhões a 32 mil famílias afetadas pela covid-19.

Era um momento em que a doença estava em um estágio ainda menos intenso do que o atual, quando a CBF participou da definição do Brasil como nova sede da Copa América, e ninguém nunca mais ouviu falar de nenhum ato solidário, como se o assunto já estivesse fora de moda.

Neste momento não só não se falou mais em solidariedade, como também houve esforço para se realizar uma competição que pode elevar o risco de contágio, segundo praticamente toda a comunidade científica.

E não se ouviu mais nenhuma explicação da entidade, que, desde o início dessa nova gestão, se autointitulou como uma administração baseada em "compliance".


Sempre desconfiei que esses termos presunçosos, movidos a um estrangeirismo, tendem a ocultar alguma coisa: uma insegurança, uma culpa mal resolvida, uma tentativa de desviar algum assunto.

O momento atual está me traduzindo esse termo, mesmo sem palavras.


Os dirigentes da CBF, em nenhum momento, vieram a público para dar alguma explicação sobre algo que é de total interesse público: realizar a Copa América em um momento no qual a pandemia continua intensa, com média de mais de 1,8 mil mortos por dia.

Deixaram para o presidente da República, para o ministro, para o treinador. Mesmo tendo participado da decisão e ajudado a fazer a interligação entre governo e Conmebol. Mesmo sendo a entidade responsável pela organização do futebol brasileiro.


Dar satisfação faz parte das atribuições de uma entidade que trabalha com assuntos de interesse público. O mesmo interesse público que a levou a propagandear atos de solidariedade.

Se a entidade não tem nada para falar em um momento crucial, e delega para outros as explicações que lhe cabem, simplesmente não tem razão de existir.

Mas, já que existe, não tem como ficar se escondendo em estrangeirismos, como "compliance". Tem é que agir com transparência, em português claro.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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