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Colômbia vive onda de violência mesmo com intervenção militar

Em Bogotá, é proibido pessoas na garupa de motos; em Medellín, criminalidade agora é controlada por pequenos grupos, segundo especialista

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky

População colombiana convive com soldados nas ruas das cidades
População colombiana convive com soldados nas ruas das cidades

Quando se trata de intervenção militar na segurança pública, a Colômbia é um país que se tornou referência. Bogotá e Medellín, por exemplo, têm até hoje a presença de soldados nas ruas para patrulhar a segurança.

Palco de muita violência, principalmente a partir dos anos 80, quando os grandes carteis praticamente se apropriaram do controle das instituições, todo o país acompanha com interesse a situação do Rio de Janeiro, conforme afirma o professor de Ciências Sociais, Alejandro Villanueva Bustos, da Universidade da Colômbia.

Segundo ele, seus cidadãos sentem na pele o drama dos homicídios, das ameaças, dos perigos em andar à noite por ruelas e becos de Medellín e de Bogotá. E também aprenderam a conviver com soldados e tanques nas ruas, monitorando regiões perigosas, buscando dar segurança sem, no entanto, obter êxito a longo prazo, segundo o especialista. Presença de tropas nas ruas, para eles, é sinônimo de esperança e de frustração.

Mas, para o Rio, segundo o professor, a intervenção militar acabou sendo um necessário retrocesso, que confronta a emergência da situação com o drama de uma sociedade que novamente se depara com o envolvimento do exército na política de um Estado, remetendo a um período que a maioria dos brasileiros quer deixar para trás: o da ditadura militar.


— Como na Colômbia, mas com uma população e uma condição gográfica diferentes, o empoderamento, enriquecimento e protagonismo que os grupos mafiosos adquiriram no Rio de Janeiro tornaram a situação de intervenção como um recurso de emergência. Mas é certo também que nunca é bom levar o Exército para combater problemas de segurança cidadã e problemas que deveriam ser combatidos pela polícia e o sistema judicial do país.

Ele conta que a violência na Colômbia, apesar da imagem de que o país superou o drama da criminalidade, recrudesceu nos últimos dois anos, ganhando uma outra forma, diferente daquela dos anos 80 e 90, quando grandes cartéis de droga praticamente dominaram cidades como Medellín e Cali.


O governo pensou que teria êxito em dominar a violência, mas as práticas mudaram. Se antes quem dominava eram os grandes capos, agora o domínio é de pequenas células de máfias. De cidade industrial, Medellín passou a ser comercial e de serviços como turismo, para onde se transferiu a corrupção, com tráfico, prostituição e roubos. O R7 procurou autoridades colombianas mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

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Agora, segundo o professor, quem dá as cartas são grupos pequenos, enfronhados inclusive na administração pública e no sistema financeiro, o que torna mais difícil o seu desmantelamento.

— As atuais máfias dominantes são formadas por pessoas influentes, preparadas em universidades, que falam vários idiomas e têm relações com sistema financeiro. As propriedades adquiridas, por exemplo, ficam mais protegidas, sendo difíceis de o Estado tomá-las, por pertencerem a pessoas do sistema financeiro e ligadas a grandes bancos.

Os índices de criminalidade, segundo o professor, voltaram a ser alarmantes no país. Em Bogotá, por exemplo, o prefeito foi atendido em seu pedido para ter soldados do Exército colaborando com a segurança. Eles ainda patrulham as ruas. Em Medellín, de acordo com Villanueva, eles monitoram apenas lugares mais perigosos, não aparecendo em áreas de visibilidade e de turismo.

— Em 2017, as estatisticas mostram que passamos a ter 40 mortos em fins de semana nas zonas metropolitans de Medellín. E em Bogotá, apesar de estar proibido que pessoas andem em par, inclusive sendo negado o direito à garupa nas motos (acima de 125 cc), a insegurança persiste. O problema social fala mais alto. O desemprego subiu exponencialmente nos últimos dois anos, milhões estão sem emprego e isso aumenta os índices de violência colombianos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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