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Eurocopa mostra que importância das seleções é imbatível

Com jogos sensacionais, edição atual revela um outro momento de reintegração da Europa, que já vislumbra a pós-pandemia

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Torcida vibra com Sterling na comemoração
Torcida vibra com Sterling na comemoração Torcida vibra com Sterling na comemoração

Não há como uma uma guerra ou uma pandemia "dar certo no fim". Mortes acontecem e só isso já torna o resultado destas negativo. O que se pode fazer é, a partir delas, entendê-las para se evitar um mal maior. Que terminem o quanto antes e que, depois de encerradas, se comece a ver uma luz no fim do túnel. Mais do que a bola rolando, torneios como uma Copa do Mundo ou uma Euro têm essa função maior.

Neste sentido, a importância das seleções é imbatível. Poucos meses depois da tentativa de grandes clubes europeus darem um golpe, com a ilusão de que, enfim, dinheiro e o clubismo enterrariam o idealismo, neste momento em que o egoísmo tem feito mais barulho, a atual Euro está funcionando como a confirmação de que o futebol está além das cifras e dos interesses ligados apenas a questões individuais.

Desde o surgimento da Euro, antes chamada Taça das Nações Europeias, cada edição serve para utilizar o futebol como uma forma diplomática de revelar o contexto político europeu.

A de 1960 veio como uma nova maneira de se reunificar a Europa, 15 anos após o fim da 2ª Guerra e nove anos após o fim do Plano Marshall de reconstrução do continente.

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Só não conseguiu esconder a nascente Guerra Fria, com a ausência da Alemanha, da Inglaterra e da Itália e a desistência da Espanha, sob a ditadura de Francisco Franco, de disputar a fase final, abrindo caminho para as seleções de países comunistas prevalecerem nas semifinais. A campeã foi a União Soviética.

A edição atual, por sua vez, revela um outro momento de reintegração da Europa, que já vislumbra a pós-pandemia, neste segundo semestre de 2021.

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Está sendo a primeira competição que verdadeiramente voltou, depois de cerca de dois anos, a colocar as pessoas nas ruas, da mesma maneira que manifestações em outras épocas, na comemoração do fim de guerras, na reivindicação marcada por repressão ou na luta de estudantes por democracia e direitos iguais.

Desta vez, multidões começam a se reunir novamente em vários países, por causa do futebol.

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E ele continua sem conseguir esconder a alma de cada população, já em boa parte vacinada contra o coronavírus, mas, em países como Hungria, ainda vulnerável ao vírus da intolerância.

Em outras nações, o saudável amor à pátria prevalece por meio de unhas roídas, lágrimas, gritos de desabafo, como os do torcedor suíço que, após dramática vitória sobre a França, comoveu o mundo.

Os jogadores se encaixam a essa atmosfera, sendo eles também torcedores de suas seleções.

Os jogos ganham uma dramaticidade épica, por esse envolvimento, pela energia que une o campo à arquibancada. 

Não jogam por ascensão social, por dinheiro, por interesses pessoais. Mas sim pelos sonhos de infância, pela vizinhança, pelos joguinhos nas ruas de sua cidade natal, pelos conselhos dos pais na infância, por um drama familiar, por eles e pelo que representam.

Na Euro, o adversário não é visto tanto como um rival, como nos clubes.

Há, antes do ódio ao rival, o amor por sua equipe, seu país. A empatia surge de maneira natural e a satisfação com a vitória, pelo próprio envolvimento com a nação, se torna mais plena, menos revanchista. A essência do esporte se mostra mais pura.

Não é à toa que jogos como Croácia e Espanha; França e Suíça; Inglaterra e Alemanha; e Suécia e Ucrânia têm sido tão intensos. E a torcida, tão ilustrada por gritos de alegria, choros convulsivos, abraços, lamentos profundos.

Tudo isso revela, por meio das seleções, a cultura de cada país ligada à história de cada indivíduo, seja ele jogador ou torcedor. Que vibra, neste início de pós-pandemia na Europa. Vibra como se visse que o sol começa a brilhar entre as nuvens, após mais uma tempestade. Vibra porque sente que voltou a existir.

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