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Fla em ascensão gera crise de identidade em outras equipes

Situação provocada pelo campeão da Libertadores lembra a fábula "A nova roupa do rei", do dinamarquês Hans Christian Andersen

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Jogadores do Fla comemoram título da Libertadores
Jogadores do Fla comemoram título da Libertadores

Foi necessário um clube brasileiro começar a jogar um futebol de alto nível, moderno e ofensivo, para finalmente incomodar seus concorrentes no país. Não adiantaram as performances do Barcelona e nem as partidas da Premier League, bastante assistidas no Brasil. O Flamengo venceu o River Plate-ARG, de virada, e conquistou a Libertadores pela segunda vez na sua história.

Uma coisa é ver à distância. Outra é sentir um rival, ou melhor coirmão (insisto!) encontrar um grau de atuação que o torna fora da curva em relação aos outros. E dá-lhe 5 a 0 no Grêmio; 4 a 1 no Corinthians; 3 a 0 no Palmeiras e por aí afora.

A reação a essa disparidade flamenguista está se dando de uma maneira bastante dolorosa. Em forma de crise.

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Basta ler os principais jornais ou portais para ver que o futebol brasileiro neste momento vive um misto de caos, inveja e admiração, enquanto observa silenciosamente o Flamengo desfilar entre seus milhões de torcedores que deliram em uma espécie de êxtase coletivo.


Mas, como dizia Fernando Sabino, é preciso fazer "da queda um passo de dança." O Flamengo, atual campeão da Libertadores, fez muitas equipes de hoje caírem em si. Que tipo de futebol é esse que jogavam?

De onde vem tanto medo, tanta insegurança em desafiar as surpresas do futebol, que é justamente um jogo, não um palco de certezas?


A crise, portanto, é salutar, porque o Flamengo mostrou, tal qual a fábula "A nova roupa do rei", do dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado em 1837, que "o rei está nu".

Na história, um falso alfaiate convence a todos, inclusive o rei, de que é brilhante e que fará uma roupa excepcional para o monarca. "Consigo tecer uma roupa que somente os inteligentes conseguem ver!"


Todos acreditam, quando ele, após receber um tesouro em linhas e materiais, finge tecer, fazendo apenas gestos, sem nenhuma agulha ou tecido.

O rei também se convence de que está sendo feito um traje magnífico e o veste, inebriado por seu delírio. De repente, uma criança ingênua grita: "O rei está nu!"

A história diz respeito à vaidade humana. No futebol brasileiro, a vaidade pode estar na certeza ilusória de que estávamos no caminho correto, por não haver outra solução.

E tome-se frases de efeito, aumento de uma rivalidade insana, busca exclusiva dos próprios interesses, debates superficiais, julgamentos descabidos, árbitros na berlinda, vistas grossas à violência, falta de coragem. E soberba de todos os lados. Inclusive de setores da imprensa.

Neste momento, enquanto o Fla parece estar em um voo de brigadeiro (pelo menos dentro de campo), o presidente do Palmeiras recebe pressão para abrir contas, o Corinthians se depara com a falta de criatividade, o Cruzeiro luta para não cair, o São Paulo não se encontra.

Até o Grêmio, pela primeira vez em anos, se mostra atordoado, com Renato Gaúcho admitindo sair se não vierem reforços.

No Campeonato Brasileiro, por ser líder disparado, o Flamengo ofuscou seus adversários. E, diante da imensa torcida que o impulsiona cada vez mais para a frente, o clube tende a deixar os rivais (coirmãos, insisto!) cada vez mais para trás.

Se eles não perceberem em tempo que estão desnudados em sua teimosia. E, em vez de esquemas complexos e falas empoladas, aceitarem o óbvio. Fazer o mais simples. Buscar jogar futebol.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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