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"Relação entre Brasil e Israel está acima dos governos", diz ministro 

Em entrevista exclusiva ao R7, Aloysio Nunes Ferreira, chefe do Itamaraty, faz uma balanço de sua recente viagem ao Oriente Médio

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Brasil e Israel se reaproximaram após viagem de ministro
Brasil e Israel se reaproximaram após viagem de ministro Brasil e Israel se reaproximaram após viagem de ministro

Após deixar o Oriente Médio, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, participou de evento no Paraguai, de onde falou com exclusividade, nesta quinta-feira (8), para o R7.

Ele ressaltou a importância da reaproximação entre Brasil e Israel, consolidada durante viagem de sua comitiva a Israel e região, entre os dias 26 de fevereiro e 6 de março últimos.

Foi a primeira visita oficial de um chanceler brasileiro a Israel em 8 anos. O ministro também visitou o Líbano, a Jordânia, além de ter se encontrado com o presidente da AP (Autoridade Palestina), Mahmoud Abbas.

Na entrevista, Nunes Ferreira falou ainda sobre a paz na região e destacou sua preocupação em relação aos brasileiros que moram na Síria, em um momento no qual a guerra se intensificou. Confira.

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R7 - Qual o balanço que o sr. faz do encontro com governantes de Israel nesta viagem ao Oriente Médio?

Aloysio Nunes Ferreira - Minhas conversas tanto com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quanto com o presidente Reuven Rivlin foram excelentes. Todos os assuntos que conversamos foram de uma agenda positiva. A relação entre os dois países, as possibilidades enormes de cooperação que nós temos, além daquelas que já estão em curso.

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R7 - Quais os principais resultados desse encontro?

ANF - O primeiro-ministro aceitou o convite que fizemos para ele vir ao Brasil (em junho ou no máximo até o início da campanha eleitoral), acompanhado de uma delegação empresarial. Teremos também uma reunião de empresários brasileiros e israelenses com o objetivo de avançarmos em nossas relações econômicas.

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R7 - Por que somente agora, após as divergências recentes, houve essa reaproximação entre os países?

ANF - O presidente Michel Temer já tinha se encontrado com o primeiro-ministro Netanyahu em Nova York (Assembleia Geral da ONU, em setembro último). Trata-se de uma relação normal, que passou por algumas divergências, mas que absolutamente não se sobrepõem às convergências que temos.

R7 - E como foi o seu encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, dias depois?

ANF - Há uma grande expectativa em relação a uma proposta americana que até agora não está na mesa, em relação à paz na região. A posição oficial palestina foi exposta pelo Abbas nas Nações Unidas, e ele disse novamente que os Estados Unidos não podem mais ter o monopólio da intermediação do processo, obviamente não sendo excluídos, e não poderiam ser, mas participando de uma interlocução mais ampla, com União Europeia, Rússia e outros países.

R7 - O Brasil tem possibilidades de fazer parte deste grupo de negociação?

ANF - Abbas me perguntou se o Brasil estaria disposto a participar e eu disse que, se formos convidados não negaríamos. Nossa posição é muito clara há muitos anos, somos a favor de uma negociação, da existência de dois Estados com fronteiras seguras, respeitadas por todos. E que o status de Jerusalém seja definido de modo a permitir o livre acesso dos adeptos das religões, é uma postura conhecida, a do Brasil.

R7 - O que o primeiro-ministro israelense lhe disse sobre as negociações de paz?

ANF - Com o primeiro-ministro esse assunto não foi mencionado, só tratamos de cooperação e relações bilaterais entre Brasil e Israel. Mas ressalto que, sobre as negociações de paz, não iremos para onde não formos convidados, e só aceitaremos participar se formos convidados pelas duas partes, isso é básico.

R7 - Há radicalismo dos dois lados. Mas o que mais tem atrapalhado as negociações, nas palavras de Netanyahu, é uma postura radical contra a existência de Israel, de grupos como o Hamas. Como o sr. vê esse radicalismo?

ANF - O extremismo religioso é nocivo. Assim como na vida, toda postura extremista e de intolerância dificulta o diálogo. Um diálogo que deve ser construído inclusive entre os palestinos, existem notórios exemplos (de divergências) entre Fatah (ligada à AP) e o Hamas.

R7 - De que maneira uma mudança de governo brasileiro, após as próximas eleições, pode afetar a posição do país em relação a Israel e ao Oriente Médio?

ANF - Nossa posição em relação a Israel é uma postura do Estado brasileiro, há muitos anos independe e está acima de governo e de regime político, é uma continuidade. Se pegarmos discursos de ministros das Relações Exteriores brasileiros na ONU, haverá uma ou outra diferença de ênfase, mas mas, no fundo, é a mesma posição brasileira desde os anos 60 até agora.

Há 70 anos, Israel era aceito formalmente como Estado pela ONU

R7 - Como o governo brasileiro tem visto a continuidade da guerra na Síria?

ANF - Nossa preocupação é com a comunidade de brasileiros que moram na síria. São 1500 que estão lá, mantendo nossa constante preocupação em relação à segurança deles. Esta é a razão principal pela qual não fechamos nunca ali a nossa embaixada, nem o nosso serviço consular.

R7 - O governo brasileiro vê solução para essa guerra?

ANF - Em relação à guerra, o Brasil apoia a negociação política, não há outra saída que não seja a negociação. Claro que é necessário negociar com Bashar al-Assad, vai negociar com quem? E há um processo em andamento de negociação em Genebra, há também uma iniciativa de negociação de promoção de zonas (de segurança) instaladas que estão avançando. A verdade é que há negociações em curso, e há setores ainda refratários. Exitem possibilidades de o quadro ser revertido, sobretudo com negociações entre as duas potências. Estados Unidos e Rússia precisam se entender.

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