Ministério da Saúde vai priorizar inovação em fármacos e uso da biodiversidade em 2026
Em entrevista exclusiva ao R7 Planalto, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, elencou as prioridades da sua gestão para o ano que vem

Na área de ciência e inovação, o Ministério da Saúde tem três metas para 2026: usar a biodiversidade para a produção de fármacos, estruturar centros de competência pelo país, e garantir pesquisas clínicas no Brasil. As informações foram antecipadas em entrevista exclusiva do R7 Planalto com a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), Fernanda De Negri.
A titular da pasta reforçou a chamada inovação radical em fármacos, com iniciativas voltadas para a criação de novos medicamentos no país e articulação com empresas brasileiras para a produção desses insumos. “A ideia é inovar desde as fases iniciais do desenvolvimento e aproximar pesquisa e produção”, afirmou.
Para isso, uma das frentes estratégicas é a criação de centros de competência em plataformas tecnológicas consideradas chave, como RNA mensageiro e medicamentos baseados na biodiversidade brasileira.
Nesse sentido, a Sectics lançou, em parceria com a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) um edital de R$ 60 milhões para selecionar um centro de competência dedicado à produção de insumos farmacêuticos derivados da biodiversidade. O prazo para candidatura vai até janeiro, com previsão de anúncio do centro selecionado por volta de maio.
Para Fernanda, o setor tem grande potencial. “A biodiversidade brasileira é pouco aproveitada. Ela é mais usada na indústria do cosmético, mas pouco aproveitada em Saúde”, explicou. A secretária cita, por exemplo, o captopril, medicamento para hipertensão cujo princípio ativo teve origem em pesquisas brasileiras baseadas no veneno da jararaca.
“Esse é um caso emblemático de como moléculas da biodiversidade podem dar origem a medicamentos amplamente utilizados”, disse.
Complexo Econômico-Industrial da Saúde
Sobre a reestruturação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Fernanda De Negri avaliou que o processo avança com a conclusão das avaliações de projetos de desenvolvimento produtivo e de inovação. O resultado final deve ser divulgado até janeiro. A próxima etapa envolve o início das aquisições baseadas nas PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo).
Entre os destaques estão vacinas como a contra o vírus sincicial respiratório (VSR), associada à bronquiolite, que começou a ser ofertada no SUS no fim deste ano.
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Um caminho para a medicina de precisão
Fernanda cita outro pilar da agenda da pasta: o Programa Genomas Brasil, que prevê a criação de uma plataforma nacional de dados genômicos. A meta é desenvolver, até 2026, um protótipo de banco de dados com informações públicas que possam ser utilizadas por pesquisadores brasileiros para geração de conhecimento, novos diagnósticos e medicamentos.
A iniciativa deve apoiar estratégias em doenças raras e prevalentes, além de aplicações em áreas como radiologia, abrindo caminho para avanços em medicina de precisão e terapias gênicas. “Conhecer melhor a genômica da população brasileira ajuda a predizer doenças e aprimorar tratamentos”, explica.
A secretária destaca ainda que o desenvolvimento dessas tecnologias no país pode torná-las mais acessíveis, reduzindo custos hoje elevados.
É justamente a redução de custo outro ponto de atuação da Secretaria. Reportagem exclusiva feita pelo R7 Planalto revelou em novembro, por exemplo, que os gastos do Ministério da Saúde para atender as demandas judiciais por medicamentos mais do que duplicaram entre 2020 e o ano passado. O valor saltou de R$ 1 bilhão para R$ 2,6 bilhões ano passado.
“Produzir e inovar tende a baratear custos e a pesquisa clínica pode ampliar o acesso a tratamentos, inclusive em doenças raras”, diz Fernanda.
Desafios
Fernanda reconhece que transformar pesquisa acadêmica em produtos inovadores é um desafio.
Para a titular da Sectics, um dos principais gargalos para autonomia tecnológica do Brasil, são entraves regulatórios, tributários e de formação de pessoal qualificado com infraestrutura de pesquisa. “Não existe um único gargalo. São vários fatores que precisam caminhar juntos”, finaliza.
Segundo ela, é necessário reduzir gargalos regulatórios, capacitar pesquisadores para atender às exigências do desenvolvimento de produtos e ampliar a integração entre universidades e o setor produtivo.
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