Fim de ano triste para a educação: 9,1 milhões abandonaram a escola
Por que a evasão escolar compromete o futuro de gerações inteiras no Brasil
Normalmente, o final de um ano é sempre um momento em que as pessoas refletem sobre as conquistas e desafios enfrentados. Também é quando se traçam metas para os dias que chegam. Tudo no âmbito individual, mas é necessário pensar no coletivo também.
Nesse contexto, ler a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024”, que aponta que 9,1 milhões de brasileiros abandonaram a escola sem concluir o ensino básico até 2023, entristece muito e serve como um alerta para o futuro que desejamos construir como nação.
O levantamento revela que, em 2023, a principal causa do abandono escolar entre os homens foi a necessidade de trabalhar, representando 53,5% dos casos.
No caso das mulheres, 32,6% deixaram de estudar devido à gravidez e responsabilidades relacionadas a tarefas domésticas ou ao cuidado de crianças, adolescentes, idosos ou pessoas com deficiência. Esse percentual superou tanto a necessidade de trabalhar (25,5%) quanto a falta de interesse pelos estudos (20,9%).
Muito mais que apenas um número, esses dados representam sonhos e futuros interrompidos, potenciais desperdiçados e escancara um sistema que ainda não consegue atender às necessidades dos cidadãos.
Realidade que precisa mudar
Cada jovem que abandona a escola carrega consigo histórias únicas de dificuldades: a necessidade de trabalhar para sustentar a família, a falta de acesso a transporte, a ausência de um ambiente educacional acolhedor ou até a desmotivação causada por uma educação desconectada de suas realidades.
E tudo isso reverbera na sociedade, porque amplia desigualdades, reduz oportunidades de crescimento econômico e compromete a capacidade do país de se desenvolver de maneira mais justa.
Além disso, enquanto o mercado enfrenta dificuldades pela escassez de mão de obra qualificada, quem não concluiu o ensino básico acaba ficando à margem, porque as empresas têm exigido, cada vez mais, profissionais com maior compreensão do mundo. E isso inclui aspectos culturais, habilidades de raciocínio e capacidade para lidar com a tecnologia.
Final de ano coletivo
Essa época nos oferece a chance de pensar em soluções. O que podemos fazer para ajudar a reverter esse quadro? Como podemos exigir políticas públicas mais eficazes e inclusivas? É mais do que sabido que é fundamental que os governos priorizem a educação, investindo em programas de permanência escolar, apoio psicossocial e formação de professores. Mas, por que esse é um problema recorrente mandato após mandato?
Enquanto a presença da família ao longo de toda a educação é essencial, como sociedade, devemos cobrar a implementação de políticas que incentivem e valorizem o envolvimento familiar.
Que 2025 seja um ano de esperança renovada e de ações concretas para reduzir esses números alarmantes. Mais do que nunca, é essencial que nos lembremos de que a educação é a base para um país mais justo, próspero e humano. E mudanças começam com pequenos passos: uma conversa, um incentivo, um gesto de apoio. O futuro de milhões de jovens depende disso.
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