Geração “NoMo”: Conheça famosas que decidiram não ter filhos
Por que ainda existe tanta desaprovação em torno de mulheres que não querem ser mães?
Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury
Outro dia fui à médica e ela me disse que durante o período de pandemia aumentou muito a procura pelo congelamento de óvulos. Tal afirmação me deixou curiosa e após pesquisar sobre o assunto constatei que, de fato, isso tem acontecido. Cada vez mais mulheres têm adiado os planos de gravidez, seja porque não têm um parceiro, estão priorizando a carreira ou têm medo de se arrepender da escolha de não engravidar.
O que me fez pensar, será que essas mulheres que buscam o congelamento de óvulos não estão sendo influenciadas por um padrão social? Afinal de contas, vivemos em uma sociedade que historicamente coloca a maternidade como um ideal feminino e a mulher que não segue esse ideal é duramente perseguida.
Há quem tenha o sonho de ter a experiência da gravidez, de cuidar do bebê e de ser responsável por ele, ou seja, de viver todas as alegrias e as dores desse caminho, e tudo bem. Mas, há quem não tenha e, muitas vezes, engravida apenas para agradar o parceiro ou parentes.
Porque, afirmar que toda mulher deve sonhar com a maternidade é uma pressão cruel, principalmente para aquelas mulheres que não têm esse desejo. É como se fosse uma obrigação, e se a mulher demora ou opta por não ter filhos acaba tendo que se justificar, correndo o risco de ser taxada de egoísta, de gostar de ser solitária, de detestar crianças e por aí vai.
Nosso corpo nossas regras?
Essa frase é muito usada para tantos temas, por que não a encaixar neste assunto? Nós temos o direito sim de decidir se queremos, ou não, descendentes. Mas, por que, apesar de tantos avanços, ainda existe tanta desaprovação e perseguição em torno de mulheres que não querem ser mães? Por que a maioria de nós julga que pessoas que não têm filhos por opção vivem vidas infelizes?
Uma ilusão, de acordo com um estudo de 2016, publicado no American Journal of Sociology. A publicação analisou famílias em 22 países e descobriu que ter filhos torna as pessoas menos realizadas em comparação com as pessoas que não os têm.
Que fique claro que não estou dizendo que ter filhos é ruim, mas sim que não os ter é um direito e que há muitos pensamentos errôneos sobre este tema que precisam ser desmitificados.
Além disso, o número de pessoas que também têm coragem de expor esse pensamento tem aumentado.
Segundo uma pesquisa feita pela Famivita, 55% dos casais que planejavam ter filhos este ano desistiram por causa da pandemia. A incerteza do futuro foi um dos motivos para essa decisão.
De forma geral, no Brasil, aproximadamente 40% das mulheres não desejam ter filhos, já no mundo, esse número sobe para 72%, de acordo com um estudo realizado pela Bayer, com apoio da Federação Brasileira de Ginecologia e do Think about Needs in Contraception (TANCO).
Essa geração de mulheres que não querem ser mães está sendo chamada de NoMo, ou seja, Not Mothers que, segundo a associação britânica Gateway Women, organizadora do movimento, reivindica o respeito de uma sociedade que insiste em impor a maternidade às mulheres.
Por que não ter filhos?
Especialistas afirmam que são muitas as razões para uma mulher não querer ou não poder ter filhos, que vão desde problemas de saúde, dificuldades financeiras, até ter outras prioridades, acreditar que o mundo não é o melhor local para uma criança crescer e por aí vai...
Apesar da pressão da sociedade, algumas famosas vieram à público se manifestar sobre o tema.
A modelo Juju Salimeni, por exemplo, falou em seu Instagram que a pergunta que mais a deixa irritada é sobre filhos. "'Quando você vai ser mãe? Você não quer ter filhos?' Nem toda mulher tem esse desejo e está tudo bem", disse Juju.
Em agosto de 2020, a cantora norte-americana Miley Cyrus comentou que ter herdeiros nunca foi sua prioridade e ver o mundo tal como ele está a deixa com menos vontade de ter filhos.
A atriz Jennifer Aniston, a estrela de Friends, criticou a visão que se tem de que para uma mulher ser feliz precisa ser ser mãe. Em uma carta aberta, publicada no Huffington Post, Jennifer revelou que estava cansada dos constantes rumores de gravidez e da visão limitada que para uma mulher ser completa ela precisa ter filhos.
Em 2019, a apresentadora e empresária, Oprah Winfrey, declarou que a maternidade requer muitos sacrifícios. Quando comandava o The Oprah Winfrey Show, ela revelou que trabalhava cerca de 17 horas por dia e que não tinha condições para assumir tal responsabilidade.
A atriz Leona Cavalli também detalhou que abriu mão da maternidade pela profissão e ressaltou que não se arrepende da decisão, uma vez que ter filhos nunca foi seu primeiro plano. Ela afirmou que adora crianças, mas não sonha em ser mãe.
A lista de pessoas, famosas e comuns, que pensam como elas é extensa. Se na década de 1960 o número de filhos ultrapassava seis, hoje as pessoas estão pensando mais sobre a possibilidade de ter ou não ter filhos e utilizando métodos para evitar a gravidez indesejada.
Uma coisa é certa, a opção por ser, ou não, mãe é fruto de muitos questionamentos e reflexões. E, como qualquer outra decisão, é extremamente pessoal e merece empatia e respeito.