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Refletindo Sobre a Notícia

Indústria da morte: Aplicativos permitem conversar com quem já morreu

Planos ambiciosos de empresas buscam viabilizar que as pessoas se comuniquem com entes queridos que faleceram

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Nos filmes de ficção científica, está cada vez mais comum ver enredos que mostram a evolução da interação entre humanos e máquinas "quase humanas". E parece que, na vida real, isso tem se tornado uma possibilidade cada vez maior.

Não é de hoje que empresas buscam trazer a possibilidade de viabilizar o contato com quem já morreu, por meio da inteligência virtual. 

Aplicativos buscam trazer a possibilidade de a pessoa pensar que está conversando com quem já morreu
Aplicativos buscam trazer a possibilidade de a pessoa pensar que está conversando com quem já morreu

A Fenix, por exemplo, uma companhia funerária da Suécia, afirmou ao site americano VICE que está desenvolvendo um produto que pretende trazer essa realidade. Em entrevista, a CEO da companhia, Charlotte Runius, afirmou que por enquanto, o projeto está paralisado por falta de fundos e explicou: "Queremos que, quando uma pessoa ficar idosa e solitária porque o cônjuge morreu, tenha a possibilidade de colocar óculos virtuais e 'tomar café' com seu ente querido que faleceu. A pessoa saberá que não é de verdade, será como um jogo de realidade aumentada."

Outra empresa, a Eternime, promete reunir todas as informações de uma pessoa após sua morte, um sistema inteligente coleta os dados digitais produzidos ao longo da vida - locais visitados, curtidas, fotos, vídeos e as informações armazenadas pelos smartphones e redes sociais.


O fundador da Eternime, Marius Ursache, explica que por meio desse compilamento, cria-se uma versão digital da pessoa. "Dependendo dos fatos coletados, o avatar poderá oferecer qualquer coisa, desde dados biográficos básicos até ter um papo envolvente."

Até a Microsoft entrou nessa. De acordo com informações do portal Protocol, a gigante de tecnologia teria cadastrado uma patente, aprovada em dezembro do ano passado, que descreve um chatbot, que nada mais é que um programa de computador que tenta simular uma "conversa" com um ser humano. Esse aplicativo também seria criado com base em dados de pessoas específicas, como fotos, imagens, áudios, posts em redes sociais e mensagens.


Ajuda ilusória

Esses são apenas três exemplos das dezenas de empresas que pesquisei que criam esses avatares. Elas têm muitos objetivos com isso. Entre eles o de lucrar, obviamente, e o de amenizar a dor do luto e da solidão.


Já inventaram aplicativos que simulam amigos, namorados e agora mais essa: mortos. É assustador pensar que o ser humano está criando robôs que simulem pessoas que morreram. São os filmes de ficção invadindo a nossa realidade.

Especialistas afirmam que usar aplicativos como esses pode atrapalhar o processo do luto
Especialistas afirmam que usar aplicativos como esses pode atrapalhar o processo do luto

Será que esse é um bom caminho? Psicólogos afirmam que não. Porque simular conversas com pessoas falecidas pode comprometer ainda mais o sofrimento causado por uma perda.

A verdade é que robôs nunca conseguirão substituir a vida real, por mais que se tente.

Por isso, é importante que as pessoas deixem suas mensagens aos entes queridos ainda em vida, e não dependam de aplicativos para isso.

A evolução da tecnologia é muito importante, mas é impossível que um dispositivo eletrônico substitua uma relação baseada em reciprocidade, amor, amizade e outras características humanas.

E, falando sobre a morte, para quem fica, é importante vivenciar e superar o luto, não conviver com ele por toda a vida. E quanto reviver as memórias? Podemos trazê-las à tona sempre que quisermos, porque o que ficam são as lembranças. Quando se compreende a existência e o significado da vida, as perdas ganham outro significado. Não precisamos de uma inteligência artificial para isso.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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