Na noite de terça-feira (11), por volta das 22h, Adnailda Souza Santos, de 42 anos, morreu dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Feira de Santana, na Bahia. Ela era asmática e sofria com falta de ar. O caso gerou revolta após o marido da vítima, Sidnei Monteiro, divulgar um vídeo denunciando que ela implorou por socorro, mas não recebeu atendimento a tempo.Pelas imagens, é possível ver que ele tentou chamar uma assistente social e o médico plantonista. Dois policiais militares também estavam no local.Em resposta, a Secretaria da Saúde do Estado negou a acusação e divulgou outras imagens de câmeras de segurança. Segundo o órgão, todo o processo – da chegada da mulher ao centro de saúde à constatação do óbito – durou uma hora e oito minutos.Em nota, a Polícia Civil informou que a ocorrência de “morte a esclarecer” foi registrada. É claro que é preciso sempre usar a razão para realizar atendimentos médicos, mas, quando se trata de uma urgência, é necessário, no mínimo, celeridade e profissionalismo. E não apenas isso: é preciso poder contar com pessoal e insumos de qualidade.Então, quando falamos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), é sempre importante lembrar que, diariamente, brasileiros enfrentam filas intermináveis, esperam meses por exames e são atendidos em hospitais superlotados, sem a estrutura mínima para um tratamento digno. Em 2024, a fila de espera por cirurgias cresceu 26% em comparação a 2023, com uma média de espera de dois anos e quatro meses.O SUS é considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, mas sofre com gestão ineficaz e negligência de administrações que, muitas vezes, priorizam discursos políticos em vez de soluções efetivas. Embora a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tenha anunciado investimentos de R$ 41 bilhões em 2024 para ampliar o atendimento, os desafios estruturais persistem.Quantas mortes serão necessárias para que a saúde pública seja tratada, de fato, como prioridade? A postura das autoridades em negar muitas falhas, em vez de assumir responsabilidades e buscar mudanças, é preocupante. O sucateamento do sistema é uma escolha que cobra um preço alto: vidas que poderiam ser salvas.Afinal, se o SUS fosse tão eficiente quanto os discursos políticos afirmam, os próprios governantes não recorreriam aos hospitais particulares mais caros do Brasil.Então, resta saber se, desta vez, a sociedade cobrará respostas. Porque a população brasileira merece ter acesso a bons médicos em locais que tenham condições e insumos para atender e cuidar. Isso é o mínimo.