O choro do jogador Luighi após jogo e o desrespeito como modo de vida
Atleta chorou em entrevista após ser vítima de racismo em campo

O episódio de racismo envolvendo o jogador Luighi, de 18 anos, do Palmeiras Sub-20, nesta quinta-feira (6) durante a partida contra o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20, expõe um problema grave da humanidade: a persistência do desrespeito e do preconceito racial.
Durante o jogo, depois dos 35 minutos do segundo tempo, um torcedor paraguaio foi flagrado fazendo gestos de macaco, levando o jogador às lágrimas. Também cuspiram no atleta.
Na entrevista após o confronto, Luighi se revoltou por ninguém ter perguntado sobre o ocorrido e questionou qual seria a atitude da Conmebol. Depois, em suas redes sociais, desabafou: “Dói na alma. E é a mesma dor que todos os negros sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas.”
Em nota oficial, o Palmeiras condenou o ocorrido. “É inadmissível que, mais uma vez, um clube brasileiro tenha de lamentar um ato criminoso de racismo ocorrido em jogos válidos por competições da CONMEBOL. A Sociedade Esportiva Palmeiras presta toda solidariedade aos atletas do clube que estão disputando a Libertadores Sub-20 no Paraguai e comunica que irá até as últimas instâncias para que todos os envolvidos em mais esse episódio repugnante de discriminação sejam devidamente punidos”, afirmou o clube.
O caso dessa quinta-feira (6) se soma à extensa lista de episódios de racismo registrados em torneios organizados pela Conmebol, especialmente em confrontos envolvendo clubes brasileiros.
Punição para evitar repetição
Muitos acreditam ter o direito de desrespeitar o próximo, seja por causa de um jogo de futebol ou qualquer outra razão. Contudo, nunca há motivo para agredir o outro.
A verdade é que tais atitudes refletem o caráter de quem as pratica, independentemente da circunstância. Como mãe, me entristeci ao ver a criança no colo de quem praticou o ato. Será que é seu filho? Que exemplos esse menino deve ter dentro de casa?
O comportamento é ensinado por atitudes, não por palavras. E é por causa de pessoas assim que ciclos ruins se repetem nos meios familiares.
Isso não deveria nem ter que ser discutido, porque é um absurdo que alguém seja tratado de forma diferente por conta da cor da pele, religião, origem social, local onde moram etc. Mas temos que voltar a essa tecla a todo momento porque há quem insiste em propagar o preconceito.
Por isso, é essencial lembrar que as leis existem para serem cumpridas. Afinal, há quem deixe de prejudicar por medo das consequências, e não por ter valores.
No Brasil, a luta contra o racismo tem sido reforçada por legislações específicas. A Lei n.º 7.716/1989, conhecida como Lei do Racismo, define e pune crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Em 2023, a Lei n.º 14.532 equiparou a injúria racial ao crime de racismo, tornando-a igualmente inafiançável e imprescritível, além de prever aumento de pena em determinadas situações.
A punição exemplar serve não apenas como justiça para a vítima, mas também como um alerta para aqueles que ainda nutrem ódio.
Infelizmente, alguns grupos políticos fazem uso desses problemas sociais de forma errônea, para manipular e enganar. Só que a verdade é que somente por meio da educação, da conscientização e da aplicação efetiva das leis que conseguimos transformar o meio e fazer com que o respeito seja a regra, e não a exceção.
A reação de Luighi e o apoio recebido destacam a importância de não silenciarmos diante das agressões. Cada denúncia, cada manifestação de repúdio e cada ação legal são passos essenciais na construção de um futuro em que todos sejam respeitados, independentemente de sua cor, religião, gênero, etnia ou origem.