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Refletindo Sobre a Notícia

O fechamento de hospitais de campanha e o ciclo vicioso da pandemia

Estruturas provisórias construídas para auxiliar no tratamento de pacientes com covid-19 foram desativadas e sistema de saúde nacional enfrenta novo colapso

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Infelizmente, estamos vendo o filme de um ano atrás se repetir. O sistema público de saúde está passando por novos problemas e enfrentando colapsos. Em todo o Brasil, de norte a sul, medidas de lockdown estão sendo adotadas para interromper o aumento dos casos de covid-19 e evitar novas crises administrativas.

Em São Paulo, por exemplo, o governo anunciou que o estado vai entrar na fase vermelha neste sábado. Dessa forma, até o próximo dia 19, os municípios paulistas só poderão abrir os serviços essenciais.

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema, determinou o toque de recolher das 20h às 5h e fechamento do comércio não essencial. Além disso, restringiu a circulação de pessoas em duas regiões que estão à beira do colapso devido ao aumento das internações.

Com mais de 90% das UTIs ocupadas, capitais enfrentam colapso na saúde
Com mais de 90% das UTIs ocupadas, capitais enfrentam colapso na saúde

A taxa de ocupação de leitos da UTI no Rio Grande do Sul atingiu 101,5% na quarta-feira. A classificação do estado agora é bandeira preta, ou seja, as atividades em locais públicos entre 20h e 5h estão suspensas. Apenas serviços essenciais podem permanecer abertos nesses horários. O governador do estado, Eduardo Leite, afirmou que o cenário atual é o pior desde o início da pandemia. 


Incompetência ou falta de dinheiro?

O que não dá para entender é que em abril do ano passado foram construídas estruturas provisórias para auxiliar no tratamento de pacientes com covid-19. Foi anunciado que esses hospitais de campanha seriam um dos principais instrumentos para enfrentar a pandemia. Mas, quando presenciamos um breve recuo da doença, no segundo semestre, esses hospitais foram desativados em grande parte do país.


Agora, diante do colapso que enfrentamos a nível nacional, vale questionar: o que fizeram com todo o dinheiro que o Governo Federal enviou para os estados e municípios? Em São Paulo, por exemplo, o Governo enviou 135 bilhões para auxiliar na construção dos hospitais de campanha. Por que os desmontaram em setembro se já se falava sobre uma nova onda de covid-19? Uma observação é que os quatro hospitais de campanha, Ibirapuera, Pacaembu, Heliópolis e Anhembi, sequer tiveram sua lotação completa...

Em 2020, após uma pequena queda no número de internações, muitas prefeituras de todo país decidiram desmontar os hospitais de campanha
Em 2020, após uma pequena queda no número de internações, muitas prefeituras de todo país decidiram desmontar os hospitais de campanha

Apesar disso, hoje, muitos municípios estão novamente sem leitos. Onde estão esses bilhões de reais? Por que estamos vivenciando os mesmos problemas? Será que é por falta de dinheiro, de gestão, de logística ou incompetência mesmo?


De acordo com especialistas, não houve o planejamento necessário para a reabertura dos hospitais de campanha e leitos emergenciais.

Agora, alguns locais consideram reabrir ou realizar a manutenção dos hospitais de campanha. Mas, precisamos questionar por que muitos foram totalmente desativados uma vez que estamos diante de uma pandemia imprevisível.

Os políticos continuam fazendo seu jogo e nós, o povo, estamos sofrendo as consequências, mais uma vez. E quem pagará essa conta, será o comerciante, o estudante e o trabalhador de bem.

É como se a culpa disso tudo fosse do comércio. Absurdo!

A doença está aí, precisamos combatê-la sim, com bom senso, mas também precisamos fazer as perguntas certas. Porque, enquanto a população tiver medo, os governantes com más intenções continuarão fazendo o que bem entendem sem sequer dar satisfações.

É como afirma a frase atribuída a Martin Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons".

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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