Na grande final da Eurocopa, que aconteceu domingo (11), o cenário parecia perfeito para a Inglaterra. Afinal de contas, o time da rainha Elizabeth enfrentaria a Itália em seu próprio estádio, em Wembley.
O jogo começou e a torcida, a maioria de ingleses, pressionava a Itália com vaias. Foi a primeira vez que as duas seleções se enfrentaram em uma final de competição internacional.
Após uma disputa acirrada, com direito à prorrogação e pênaltis, a vitória histórica foi protagonizada pela Itália. O time comandado por Roberto Mancini venceu a Inglaterra por 3 a 2 nos pênaltis, com uma defesa espetacular do goleiro Donnarumma. Assim, o clube levantou a taça, após 53 anos.
Alegria de um lado, tristeza do outro. O jogador inglês, Bukayo Saka, que perdeu a cobrança decisiva, não conteve a decepção e foi às lagrimas. A equipe toda não escondeu o sofrimento... Eles haviam chegado pela primeira vez à final do torneio e sucumbiram em um estádio com mais de 60 mil pessoas.
"Nós passamos por muita coisa como equipe, por isso, queríamos muito ganhar e essa derrota vai nos machucar por muito tempo", afirmou o atacante do Tottenham e capitão da seleção inglesa, Harry Kane.
Formas de encarar
Apesar do sentimento de frustração, a Inglaterra não ganhava um título internacional desde a Copa do Mundo de 1966. Então, o segundo lugar também foi uma conquista para a seleção.
Mas, é realmente difícil manter o olhar positivo após uma perda. Assim, deixar que as derrotas paralisem é uma atitude comum. "Com o passar do tempo, as inúmeras tentativas que não dão certo podem fazer com que o desânimo bata e a pessoa chegue a pensar em desistir, porém, quem acredita em si mesmo e tem convicção de seus próprios sonhos, sabe que uma hora vai conseguir. Precisamos desenvolver a capacidade de aprender com nossos erros e aproveitar as perdas para crescer diante das adversidades", explica o especialista em carreira, Paulo Saphi.
A vitória está condicionada à persistência. Um dos maiores presidentes que os Estados Unidos já teve, Abraham Lincoln, só se tornou uma figura ímpar e admirada porque não desistiu diante das derrotas.
Antes de conquistar a presidência e ser figura presente nos mais diferentes livros de política e história, Lincoln passou a maior parte da sua vida tendo que lidar com as perdas. Muitos, com certeza, deviam chamá-lo de fracassado, afinal, ele faliu nos negócios, perdeu as eleições durante muitos anos, entrou em depressão após a morte da parceira, entre tantas outras lutas.
Depois de mais de 30 anos de tentativas finalmente conquistou a presidência, aos 60 anos. Foi durante o seu mandato que liderou os Estados Unidos durante a Guerra da Secessão e assinou o Ato de Emancipação que aboliu a escravidão.
"As pessoas que têm sucesso hoje, normalmente, perderam muito antes de chegar onde chegaram. O que as difere das outras é a forma como elas lidaram com os 'nãos', assim como Lincoln fez", comenta o especialista em carreira.
A verdade é que se o ex-presidente americano tivesse enxergado suas derrotas como fracassos jamais teria chegado ao posto máximo da política americana.
"Apesar de todas as tentativas para vencer, as decepções são inevitáveis e necessárias para o nosso crescimento e amadurecimento. Pessoas como Lincoln nos ensinam a importância da resiliência, pois ele entendeu que a derrota é temporária, ainda que persista por muito tempo. Quando perdemos precisamos refletir nossas atitudes e reações. Cabe a nós desistir ou continuar tentando", orienta a psiquitra Roberta França.
Por isso, quem faz da derrota um combustível para a mudança está no caminho certo. Abraham Lincoln dizia que por mais que encontremos dificuldades pelo caminho, não podemos jogar a toalha porque "o campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer".