Tom Hanks fala sobre infância e divórcio dos pais: ‘Aprendi a depender só de mim’
Declaração do ator traz reflexão sobre como as relações dos responsáveis podem influenciar os filhos na forma de amar
Recentemente, o ator americano Tom Hanks compartilhou em um podcast detalhes sobre um episódio marcante de sua infância: o divórcio de seus pais. Na entrevista ele falou sobre como essa experiência o fez encarar a vida de uma maneira independente desde muito cedo. “A vida é mais fácil quando você não precisa de ninguém,” disse Hanks.
O ator de 68 anos, casado há 36 anos com atriz Rita Wilson, diz que “Na época que tinha 10 anos, morou em dez casas diferentes”. E que, devido à ausência de regras, desenvolveu uma autossuficiência desde cedo. Essa independência, embora benéfica em muitos aspectos, também trouxe desafios, como sentimentos de solidão e a necessidade de lidar com emoções complexas ao longo da vida. “Tenho a tendência de querer ficar isolado, de não precisar de ninguém, digamos assim, de não querer ninguém, porque foi exatamente isso que aprendi”.
Efeito cascata
A declaração do ator nos leva a refletir sobre como a visão de amor das crianças pode ser impactada quando o relacionamento dos pais se desfaz. Afinal, muitas, assim como ele, acabam aprendendo a depender mais de si mesmas.
Pesquisas indicam que, nesses casos, é mais comum que os jovens desenvolvam uma visão cautelosa sobre o tema e carreguem uma bagagem emocional que vai do medo do abandono à ideia de que é mais seguro se proteger emocionalmente.
Segundo um estudo publicado pela American Sociological Review, filhos de pais divorciados têm cerca de 70% mais chance de enfrentar um divórcio também, em comparação aos que crescem em famílias onde o casal permanece junto.
No caso de Hanks, o aprendizado da autossuficiência teve um lado positivo, mas, ao longo dos anos, ele percebeu que também pode ser um obstáculo. Quando finalmente começou a construir sua própria família, entendeu que o amor é um equilíbrio entre respeito e sacrifício, exigindo não só autonomia, mas também vulnerabilidade.
Rompendo barreiras
A verdade é que a vida amorosa dos pais é uma espécie de espelho. Quando uma criança vê seus pais numa relação saudável, há uma tendência de que ela desenvolva expectativas positivas sobre o que é amor: parceria, respeito e comunicação. Mas, ao contrário, quando o ambiente familiar é marcado por brigas ou termina em separação, os filhos podem construir uma visão pessimista sobre relacionamentos.
Dados indicam como essa influência pode se manifestar mais tarde. Um estudo da Universidade de Virginia revelou que, entre jovens que presenciaram divórcios conflituosos, existe uma predisposição 20% maior para evitar relações. O tal “medo de repetir a história” é um tema recorrente para muitos.
No entanto, é importante lembrar que essas experiências podem ser ressignificadas, transformando-se em combustível para vencer medos. Pessoas que vivenciaram a separação dos pais tendem a amadurecer mais cedo, desenvolvendo também a capacidade de identificar o que não querem reproduzir em suas vidas.
Tom Hanks, como muitos outros que passaram por essas vivências, ilustra isso. Ele aprendeu, na prática, que independência é essencial, mas que o verdadeiro amor exige entrega e, sobretudo, confiança.
O ser humano pode, sim, viver bem sozinho. Mas é importante lembrar que o amor não é sobre isso, não é sobre não precisar de ninguém, e sim sobre escolher estar ao lado de alguém que faça tudo valer a pena.
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