Logo R7.com
RecordPlus

Jogadoras superam a depressão e expõem desafios da saúde mental no futebol feminino

Kika Brandino e Karla Alves, atletas de Botafogo e São Paulo, explicam como foram suas experiências ao enfrentar a doença

Elas com a Bola|Ana Be*, do R7

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Kika Brandino e Karla Alves superaram a depressão e compartilham suas experiências com a doença.
  • Kika enfrentou crises em 2023, recebeu apoio familiar e médico, e voltou a jogar.
  • Karla lidou com a depressão pela primeira vez em 2019 e passou por um segundo episódio em 2023, agora com sintomas de ansiedade.
  • Ambas buscam crescimento profissional, com Kika se dedicando ao futebol e Karla aspirando a se tornar técnica.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Karla Alves, do São Paulo, e Kika Brandino, do Botafogo, fizeram relatos comoventes ao programa 'Elas com a Bola' Reprodução/Instagram @karlaalvesmac e @henriquelima.photo

Dentro de um campo, as batalhas físicas, técnicas, táticas e emocionais se sucedem diante das oponentes. Fora, o adversário pode estar na própria mente, mas há como vencê-lo. Duas jogadoras de dois grandes times do futebol feminino brasileiro enfrentaram essa batalha e resolveram contar como conseguiram superar a depressão.

As atletas Kika Brandino, do Botafogo, e Karla Alves, do São Paulo, deram seus depoimentos para o programa Elas com a Bola, da RECORD NEWS, no qual contaram como descobriram a doença, os desafios para encará-la e o apoio que tiveram para conseguirem seguir atuando nos gramados.


O surgimento da doença

Kika Brandino afirmou que suas crises começaram em 2023, durante o período em que ela atuou pelo São Paulo.

Passados oito meses, o entendimento recaiu sobre ela, percebendo então a gravidade do seu estado mental, de saúde e emocional, conseguindo então conversar com seus familiares e amigos.


“Tentei trocar de ambiente, de trabalho [...] mas eu já estava num ponto que era eu, era eu comigo mesma”, afirmou a atleta.

Em seguida ela foi para o Atlético-MG, onde ficou por aproximadamente 40 dias. No Galo, ela tomou a decisão de se afastar por um tempo a fim de se ressignificar e buscar ajuda médica especializada; acabou voltando para o gramado com tudo, e hoje tem jogado pelo Botafogo com mais garra e alegria.


Já para Karla Alves as coisas foram diferentes.

Em 2019, com apenas 19 anos, a jogadora, que na época defendia o Palmeiras, teve seu primeiro contato com a doença psiquiátrica: “Eu não entendia muito bem o que tava acontecendo; foi um diagnóstico fácil, meus sintomas estavam bem avançados no primeiro psiquiatra que fui”.


Saindo de casa aos 12 anos e perdendo o amparo familiar, a jogadora expõe o quão difícil foi perder a infância e ter que crescer para viver o sonho de jogar futebol.

“Os prós e os contras né?! O contra veio em 2019 e me baqueou muito. Precisei passar pela depressão”, disse a atleta.

Já seu segundo período de batalhas intensas foi em 2023, quando foi integrante do Real Brasília e enfrentou sua segunda depressão.

“Nessa época [...] vieram sintomas diferentes. Na primeira eu me sentia muito deprimida, triste, e na segunda veio a ansiedade”, explica Karla.

O apoio na luta pela cura

O amor felino foi um dos grandes apoios para a meia do São Paulo, Karla; a jogadora comenta que teve um gato durante o período da sua primeira depressão e seu parceiro foi seu reestruturador nos dias complexos e angustiantes.

“Eu tenho meu gato que faleceu tatuado aqui [ela aponta para o braço], ele foi muito importante para mim, porque eu ganhei ele em uma época muito difícil da minha vida [...] ganhei ele de outra atleta”, ressaltou a jogadora.

Já para a jogadora do Botafogo, não houve pets envolvidos, mas uma amiga que também era sua médica; Kika lembrou dos bons tempos e das conversas longas e profundas com a doutora do time feminino do Galo, Andrezza Mendes, que a incentivou a sempre se abrir e procurar por ajuda especializada.

“No Galo, eu tive uma pessoa que foi muito importante para que eu tomasse a decisão de ‘pô eu não to bem, eu preciso deixar um pouquinho o futebol de lado, aquilo que eu amo, porque tem algo mais importante que isso, que é a minha vida’”, expressa a atleta.

A necessidade de acompanhamento médico

Kika Brandino atuando pelo Botafogo Reprodução/Instagram @arthurbarreto.photo

“Fiquei durante 40 dias no clube, e durante esses 40 dias a gente teve conversas constantes”, diz Kika ao mencionar Andrezza, médica do Atlético-MG.

Para a atleta, a doutora foi uma peça essencial durante sua passagem no Galo, onde também teve amparo tanto do clube quanto de suas companheiras, já que o time e comissão técnica tinham consciência da situação dela desde o início.

Por barreiras mentais imposta pela doença, após a jogadora publicar em suas redes sociais seu afastamento do clube e do futebol, ela “deixou o celular”, mesmo sabendo que viriam mensagens positivas e de encorajamento para a superação.

“No momento ali parece que, por mais que a gente saiba que tenha muita coisa boa no processo, a gente não quer ver porque o ruim pesa muito”, expressa a atleta.

Kika Brandino relatou que hoje vai em todas as suas consultas, recebe as receitas para medicamentos e participa dos acompanhamentos mensalmente.

No caso de Karla, quando passou pela sua primeira depressão em 2019, a atleta confessa que não deu a importância para o tratamento e, depois de um tempo, parou de ir aos acompanhamentos médicos. Com isso, em 2023 a doença voltou e com uma cara diferente.

“Na primeira eu me sentia deprimida, triste e nessa segunda ela veio com muitos sintomas de ansiedade”, declara a jogadora.

Hoje, Karla Alves tem um acompanhamento ininterrupto e expressa satisfação em conseguir conversar com suas colegas de time sobre a seriedade do tratamento psiquiátrico e terapêutico para a depressão.

“Aqui dentro [no clube] a gente também tem uma psicóloga, que se precisar ela está ali para dar todo o suporte, mas eu converso muito com as meninas sobre essa questão de saúde mental e acredito que 90%, 95% das meninas têm o acompanhamento psicológico individual”, relata a atleta tricolor.

Planos para o futuro no esporte

Passada a tempestade, hora de olhar para o futuro. E ambas as atletas anseiam crescer dentro do futebol.

“Eu fico feliz por ter deixado coisas boas, e ainda mais feliz pelo Botafogo ter acreditado em mim depois de um momento delicado. Me abriu portas, e confiaram na Kika atleta e não na Kika que estava afastada por conta da depressão”, diz a botafoguense.

Depois de superar a depressão, Karla Alves sonha em se tornar treinadora Reprodução/Instagram - @karlaalvesmac

Com os olhos brilhando, a jogadora do Botafogo expressa sua animação em correr e se esforçar para se tornar sua melhor versão dentro e fora do campo. “Agora, eu quero só entregar o melhor para o clube”, completa.

Já Karla, com um sorriso de ponta a ponta, revela que seu interesse é se tornar técnica após sua aposentadoria.

“No ano passado eu tirei a minha licença B, então hoje eu posso treinar uma categoria de base”, diz a jogadora, que já pensa na licença A e, depois, a Pro.

“Eu acho que desde muito cedo eu percebi essas características em mim, de liderança dentro de campo, de conseguir coordenar e ajudar as meninas. Não é um plano definido, mas é uma das coisas que ficam na minha mente porque eu acho que tenho uma boa vocação para isso”, afirma Karla, que tem como grande inspiração no esporte o português CR7.

“Sou fascinada pelo Cristiano Ronaldo. Quando comecei a abrir os olhos para o futebol, era ele que eu via. Tinha fotos no meu quarto, aquela coisa de fã de pop. Não só pelo futebol, pela mentalidade dele também. Para mim, é o maior atleta que já pisou na face da Terra”, elogia.

Perguntas e Respostas

 

Quais são os desafios enfrentados por Kika Brandino e Karla Alves em relação à saúde mental no futebol feminino?

 

Kika Brandino, do Botafogo, e Karla Alves, do São Paulo, enfrentaram a depressão e compartilharam suas experiências sobre como lidaram com a doença. Kika começou a ter crises em 2023, enquanto jogava pelo São Paulo, e percebeu a gravidade de sua condição após oito meses. Karla, por sua vez, teve seu primeiro contato com a depressão em 2019, aos 19 anos, enquanto jogava pelo Palmeiras, e enfrentou uma segunda fase da doença em 2023, quando estava no Real Brasília.

 

Como Kika Brandino lidou com sua depressão?

 

Kika Brandino decidiu se afastar do futebol por um tempo para buscar ajuda médica e se ressignificar. Ela mencionou que teve apoio de sua médica e amiga, Andrezza Mendes, que a incentivou a priorizar sua saúde mental. Após 40 dias de afastamento, Kika voltou a jogar pelo Botafogo com mais garra e alegria.

 

Quais foram as experiências de Karla Alves com a depressão?

 

Karla Alves enfrentou sua primeira depressão em 2019 e não deu a devida importância ao tratamento, o que resultou em um retorno da doença em 2023, desta vez com sintomas de ansiedade. Ela destacou a importância do apoio emocional, mencionando seu gato que a ajudou durante momentos difíceis, e atualmente participa de um acompanhamento psicológico contínuo.

 

Como as jogadoras se apoiaram durante suas batalhas?

 

Kika teve o suporte de sua médica e do clube, que estavam cientes de sua situação. Karla, por outro lado, encontrou apoio em suas colegas de time e na psicóloga do clube, com quem conversa sobre saúde mental. Ambas as jogadoras reconhecem a importância do apoio emocional e psicológico em suas jornadas.

 

Quais são os planos futuros de Kika Brandino e Karla Alves?

 

Kika expressou sua felicidade por ter superado momentos difíceis e deseja entregar o melhor para o Botafogo. Karla, com um sorriso, revelou seu interesse em se tornar técnica após a aposentadoria, já tendo obtido sua licença B e planejando avançar para a licença A e, posteriormente, a Pro.

 

Quem são as inspirações de Karla Alves no futebol?

 

Karla Alves tem como grande inspiração o jogador português Cristiano Ronaldo, admirando não apenas seu talento no futebol, mas também sua mentalidade. Ela mencionou que desde cedo percebeu características de liderança em si mesma e deseja usar isso em sua futura carreira como técnica.

 

*Sob supervisão de Arnaldo Pagano, editor do R7

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.