Autoridades explicam atualizações e próximos passos na investigação da fraude no INSS
Entrevista coletiva nesta quinta (8) contou com o novo presidente do órgão, além do ministro da Previdência Social, e da CGU e AGU
Hora News|Do R7
Com os desdobramentos do caso que denunciou o esquema da fraude bilionária no INSS, autoridades participaram, na manhã desta quinta-feira (8), de uma entrevista coletiva para atualizações com as últimas informações do processo. O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, falou sobre as novas diretrizes no órgão e a condução autônoma pelo novo presidente, Gilberto Waller Júnior, escolhido pelo presidente Lula, no dia 1º de maio, após a demissão de Alessandro Stefanutto.
“A nossa chegada ao Ministério da Previdência Social, como ministro, para mim representa a inauguração de um novo momento”, afirmou Queiroz, dizendo que a pasta será de “transparência e também de acolhimento”. O ministro ainda informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que se “fosse às últimas consequências na apuração das responsabilidades e às últimas consequências na busca daqueles que são os culpados e que cuidasse dos nossos aposentados”.
Além das atualizações, Vinicius Marques de Carvalho, ministro-chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), explicou o funcionamento do processo e os pontos de atenção nas descobertas feitas pela investigação. Ele ainda afirmou que a organização irá responsabilizar os envolvidos “doa a quem doer”.
O presidente do INSS também pontuou que, entre as medidas tomadas, 27 milhões de segurados que não passaram pelos golpes irão receber notificações pelo canal Meu INSS sobre a negativa de qualquer tipo de desconto indevido.
Waller Júnior também mencionou que outra notificação, aos segurados que tiveram algum tipo de desconto associativo, será enviada na próxima semana, com a possibilidade de transparência de qual instituição fez o desconto e valores.
O chefe do órgão pontuou que os usuários informarão se estavam cientes ou não dos valores retidos na folha de pagamento, e em caso negativo, o próprio INSS irá providenciar as medidas de ressarcimento junto às associações, sem a necessidade de levantamento de documentos. Ele também reafirmou para que os beneficiários não confiem em informações que não venham dos canais oficiais.
“Vamos dar amplo conhecimento a toda sociedade de quantos pedidos, quantos casos foram resolvidos e quantos desses segurados foram efetivamente prejudicados e quantos são indenizados”, afirmou Waller Júnior.
Na entrevista também foi anunciada a apresentação de uma ação cautelar inominada com pedido imediato de bloqueio de bens contra 12 entidades associativas. Jorge Messias, ministro da AGU, afirmou que esses entes foram criados, credenciados e operaram durante anos e em diferentes governos, constituindo uma “organização criminosa sofisticada que contou com agentes públicos e agentes privados para praticar essa fraude”.
Messias ainda pontuou que, segundo os relatórios de inteligência da investigação, essas instituições compõem o núcleo principal da fraude do desconto irregular, com a identificação de dois grupos de infração à lei anticorrupção, com entidades de fachada criadas exclusivamente para o cometimento dos descontos irregulares.
Dentre as medidas investigativas, ainda foram determinadas a quebra do sigilo bancário dessas instituições e dos seus diligentes, além da indisponibilidade dos bens desses órgãos. Também foi determinado o bloqueio imediato às contas, além de bens móveis e imóveis, em um total de mais de R$ 2,5 bilhões, e a retenção dos passaportes de todos os diligentes — que podem ter usado de uma estratégia de ocultação desses bens no exterior.
Apesar dos pontos já revelados, o ministro reiterou que a investigação continua em curso e que novos desdobramentos podem acontecer, com a possibilidade de novas medidas cautelares contra outras entidades futuramente. O membro da AGU também informou os bloqueios, também, de pessoas e empresas, além das entidades, que foram utilizadas como laranjas para o transporte e repasse dos bens tomados.
“Este governo tem um único interesse: que a sociedade saiba exatamente tudo que aconteceu, por que aconteceu e quais são os interesses envolvidos nesse esquema criminoso”, concluiu o ministro da AGU.
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