Alta nos juros e nova alíquota de imposto deixam crédito mais caro
A Selic (taxa básica) passou de 5,25% para 6,25% ao ano e o IOF foi de 3,0% para 4,8% ao ano elevando o custo das operações
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
A quinta alta consecutiva da taxa básica de juros, a Selic, somada ao aumento da alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações de crédito para empresas e pessoas físicas deixarão as linhas de crédito mais caras.
A Selic passou de 5,25% para 6,25% ao ano na quarta-feira (21). As novas alíquotas de IOF começaram a valer no segunda-feira (20).
De acordo com decreto, as novas alíquotas diárias do IOF são as seguintes:
• Para pessoas físicas, subirá de 0,0082% (alíquota anual de 3,0%) para 0,01118% (alíquota anual de 4,8%).
• Nas operações para empresas, a nova taxa será de 0,00559% (alíquota anual de 2,04%), contra 0,0041% (o equivalente a alíquota anual de 1,5%) da atual.
Para Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), esta nova alta, juntamente com o aumento do IOF, penaliza as pessoas e as empresas num momento de frágil recuperação dos impactos econômicos da pandemia.
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"O percentual da renda das famílias comprometido com dívidas é recorde. Saltou de 49,4% em junho de 2020 para 59,2% em maio de 2021 (último dado disponível). O aperto monetário agrava esse quadro de endividamento, reduzindo o consumo das famílias e prejudicando a atividade econômica", disse em nota.
Para as empresas, além de aumentar o custo do crédito, vai tirar competitividade e dificultar a retomada do investimento, pondera Skaf.
Aumentar a Selic e o IOF na atual conjuntura prejudica a necessária retomada econômica sustentada com a geração de empregos e de renda de que o Brasil tanto precisa.
Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) afirmou que o aumento já era esperado pelo mercado financeiro, por conta do crescimento da inflação impulsionada, principalmente, pelos preços administrados, como energia e combustível.
Só que tudo isso tem um custo para o Brasil: o impacto será um pouco mais sentido desta vez no bolso do consumidor, destaca o economista.
As taxas para crédito serão mais altas e isso acaba contribuindo para a diminuição do consumo e acaba sendo ainda mais perceptível no varejo também por conta da recente elevação da IOF.
"Como estamos vindo de recuperação de perdas causadas pela pandemia, essa diminuição de prejuízo vai ocorrer um pouco mais lenta do que poderia nestes próximos meses", acrescentou.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), afirma que a alta nos juros nas linhas de crédito é inevitável com a elevação da Selic e as novas alíquotas de IOF.
Oliveira fez simulações de algumas alíquotas de crédito com a Selic a 6,25% sem considerar o CET (Custo Efetivo Total) – juro médio das operações, taxa de abertura de crédito e IOF. Porém, esse cálculo dependerá do juro e do prazo aplicado no financiamento.
Confira a seguir como ficam alguns financiamentos para a pessoa física:
Juros do comércio
Uma geladeira custa R$ 1.500 à vista
Financiada em 12 meses
• Com a Selic de 5,25% ao ano, o consumidor pagaria 4,86% de juros médio, a prestação sairia por R$ 167,90 e ele pagaria R$ 2.014,85 no final do financiamento;
• Com a Selic de 6,25% ao ano, a taxa subiria para 4,94%, o valor das parcelas passaria a R$ 168,67 e o financiamento total seria de R$ 2.023,99;
• Ou seja, uma elevação de R$ 0,76 (ao mês) e R$ 9,14 (ao ano).
Cheque especial
Utilização de R$ 1.000,00 por 20 dias;
• Com a Selic de 5,25% ao ano (7,42% ao mês) o “empréstimo” custaria R$ 49,47;
• Com a Selic de 6,25% ao ano (7,50% ao mês) passaria para R$ 50;
• Elevação de R$ 0,53.
Cartão de crédito rotativo
Utilização de R$ 3.000,00 no rotativo por 30 dias
• Com a Selic de 5,25% ao ano (12,50% ao mês) o consumidor pagaria R$ 375 ao final;
• Com a Selic de 6,25% ao ano (12,58% ao mês) sairia R$ 377,40 ao final;
• Elevação de R$ 2,40.
Empréstimo pessoal nos bancos
Valor de R$ 5.000 em 12 meses
• Com a Selic de 5,25% ao ano (3,45% ao mês) a parcela sairia por R$ 515,90 e o custo final R$ 6.190,78;
• Com a Selic de 6,25% ao ano (3,53% ao mês) a parcela custaria R$ 518,33 e a dívida total R$ 6.220;
• Elevação de R$ 2,44 (ao mês) e de R$ 29,22 (ao final).
Empréstimo pessoal nas financeiras
Valor de R$ 3.000 em 12 meses
• Com a Selic de 5,25% ao ano (6,52% ao mês) a parcela custaria R$ 368,10 e a dívida total R$ 4.417,23;
• Com a Selic de 6,25% ao ano (6,60% ao mês) a parcela sairia a R$ 369,69 e a dívida por R$ 4.436,34;
• Elevação será de R$ 1,59 (mês) e R$ 19,11 (ano).
CDC bancos (financiamento de automóveis)
Compra de um veículo - preço à vista - R$ 40 mil
Financiamento em 60 meses
• Com a Selic a 5,25% ao ano (1,58% ao mês) a parcela custaria R$ 1.036,74 e o financiamento total R$ 62.204,51;
• Com a Selic a 6,25% ao ano (1,66% ao mês) a parcela sairia por R$ 1.057,98 e o financiamento total R$ 63.478,54;
• Elevação de R$ 21,23 (mês) e R$ 1.274,02 (total).
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